REFORMA PROTESTANTE
1
- CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Antecedentes
históricos da reforma Protestante.
O
cristianismo como religião começa na Judéia, na cidade de Jerusalém, sendo que
a primeira igreja cristã é sediada em Jerusalém. O cristianismo só se espalha pelo
mundo através das viagens missionárias do apóstolo Paulo, atingindo todo o
império romano.
Devemos
considerar que o mundo desta época é politicamente Romano e culturalmente
Grego. Outra consideração importante é que somente a partir do ano ano 70 D. C,
com a destruição de Jerusalém, a igreja cristã desloca seu eixo de influência
para outras cidades, como Alexandria no Egito, Eféso na Ásia e Roma na Europa.
Durante
os três primeiros séculos o cristianismo é considerado como religião fora da
Lei, embora goze de alguns momentos de tranquilidade. Sendo que a perseguição
efetiva do estado romano acontece de 285 D. C a 311, quando o estado legisla
para prender os cristãos, queimar cópias das Escrituras e, em alguns casos,
levá-los a pena capital. Somente a partir do edito de tolerância de Constantino
– 313 o cristianismo adquire liberdade de culto. Ato contínuo, o cristianismo
se torna então em seguida religião oficial do império – daí o termo católico
(universal).
Com
a institucionalização do cristianismo, a igreja preponderante que antes era
grega, agora é romana, e em 382 a primeira bíblia em Latim é traduzida por
Jerônimo, “a Vulgata Lectio” (Edição Popular). E durante mais de 1000 anos esta
foi a única tradução adotada pelos católicos (até o século XV).
Não
obstante, a destruição do Império Romano do Ocidente em 476 e a formação dos
estados Europeus, a Vulgata continuou sendo a única tradução usada pela igreja
cristã. É Importante anotar, também, que a igreja cristã (católica) sobrevive à
destruição do Império Romano e se alia ao Santo Império Romano- germânico,
agora fragmentado em diversos países (França (Francos), Itália (Lombardos),
Anglos e os saxões (Inglaterra) etc.
Outro
incidente histórico digno de nota é a separação da igreja grega (ortodoxa) da
igreja romana, no século XI, rompendo com o governo do papa sobre ela. Em 1453
cai, também, o império romano do oriente se tornando uma possessão turca (a religião
dominante passa a ser islâmica).
Chegando
ao século XV, a religião cristã européia (catolicismo) é fortemente aliançada
com o poder político. Ela não existe à margem do Estado, ela coroa reis, ela
depõe reis, ela luta contra os reis. O governo não é independente, nem a
ciência, nem as artes, nem a música, nem a literatura. A igreja domina sobre
tudo e sobre todos.
Outro
aspecto interessante, e que a religião é fortemente supersticiosa e os fiéis
são dependentes da orientação dos eclesiásticos (clero). Não há liberdade de
culto. A igreja determina no que o fiel deve crer. Nesta época, praticamente,
não existem traduções bíblicas nas línguas pátrias, embora o latim se torne
ultrapassado e a maioria da população do império tenha seus próprios dialetos.
Neste estado de coisas, qualquer tentativa de traduzir a Bíblia era passível de
excomunhão, taxação de herege e, não raro, de morte.
2-
PRECUSSORES DA REFORMA PROTESTANTE
·
Nos arredores da igreja:
Na
verdade, desde o século III (primeira citação em 225 D. C) já temos notícias de
grupos reformadores, como os Anabatistas, que tinham uma postura
bastante radical em relação a sua crença, não admitindo o batistmo de crianças,
nem a participação de cristãos na guerra. Também eram fervorosos defensores da
verdade bíblica, não se sujeitando á religião institucional romana, nem ao
papado. São considerados como um grupo que influenciou, fortemente, a Reforma
Protestante.
Existia,
também, outros grupos de cristãos descontentes com a ação da igreja romana como
os Valdenses, que eram liderados por Pedro Valdo, que traduziu a bíblia
para a linguagem popular no século XII, mas foi perseguido e excomungado. No
século XIV Jhon Wiclif, na Inglatera, propôs uma volta ao cristianismo
primitivo, e em 1320, traduziu a Bíblia para o inglês, tendo os seus escritos
queimados e os seus restos mortais desenterrados e queimados, uma vez que já
era falecido.
·
Fora da igreja:
No
século XIV com a Renascença alguns paradigmas começaram a ser propostos e a
religião dominante começa a ser questionada. Uma nova forma de ver a ver o
mundo é inaugurada: o teocentrismo por antropocentrismo, estudo das obras
clássicas, nova visão da arte e da ciência. Leonardo da Vinci (na música, arte,
ciência, engenharia etc). Erasmo de Roterdã na visão humanista – traduziu o
novo testamento grego dando origem para as modernas traduções.
·
Dentro da igreja Romana
Jhon
Huss: Outro pré -
reformador foi Jhon Huss (1369 – 1415), padre tcheco, que defendia o livre
sacerdócio do crente e o acesso desimpedido às Escrituras, sem o filtro
hermenêutico de Roma. Suas atitudes foram taxadas de rebeldia, foi excomungado
em 1410 e queimado vivo em 1415, numa estaca.
Martim
Lutero: Nascido em
1483 – monge agostiniano depois professor de teologia. Estudioso dedicado das
escrituras e questionador do sistema religioso da época. Um reformador dos costumes
da igreja. Seu grande questionamento foi as indulgências, sobretudo as
indulgências exorbitantes para a construção da basílica de S. Pedro.
Entretanto, seu maior conflito com a igreja católica foi com a doutrina da
salvação pela fé e não meritória (Efésios 2. 8). As indulgências, na verdade,
só afirmavam o caráter meritório da salvação. Este foi o motor da reforma
Protestante:
Outras
bandeiras da reforma:
·
O fiel deve ter seu próprio sacerdócio, ou seja, pode
ler e estudar as escrituras livremente;
·
A Bíblia deve ser na língua do cristão;
·
A mediação pertence somente a Cristo;
·
A Bíblia é a autoridade máxima e não o papado;
·
A salvação é individual e não mediante a igreja.
3- REFORMA PROTESTANTE
A
reforma é deflagrada com as 95 teses de Lutero em 1517, rejeitando vários
dogmas romanos. Reforma esta que é confirmada pela não retratação de Lutero em
1521 reafirmando sua crença na Bíblia, sua negação da autoridade da tradição da
Igreja, sendo por isto, excomungado da igreja católica. A partir daí Lutero é
um fora-da-lei no império tendo sua vida em risco e, diante disto, com a
cobertura do príncipe Frederico da Alemanha, exila – se no castelo wartburgo,
onde faz a tradução da Bíblia para o alemão.
·
Desdobramento da
Reforma:
Com
a ausência de Lutero a Alemanha fervilha, a Suíça adere e mais tarde o Reino
Unido (inglaterra, Escócia, Irlanda), Holanda, Hungria e Bélgica. Nesta fase da
reforma, os países aderentes não conseguem estabelecer separação entre estado e
igreja, trazendo grandes conflitos políticos na Alemanha e Suíça,
principalmente. O mapa da Europa é redesenhado e Itália, Espanha, Portugal e
depois França se posicionam em favor do catolicismo romano.
Além
de Lutero, temos como principais reformadores: Zuinglio (Suiça), Jhon Knox
(Escócia) e mais tarde João Calvino. As igrejas passam a ser chamadas de
protestante, sendo chamada na Alemanha de Luterana; Na Suiça chama-se
Presbiteriana ou Calvinista, Na inglaterra é Anglicana, depois surgem os Batistas
e metodistas.
4-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como conclusão podemos afirmar que:
·
A reforma foi uma proposta cristã não uma proposta dos
protestantes;
·
Os protestantes são consequência e não causa da reforma;
·
A reforma nasceu no coração piedoso daqueles que não
concordavam com a forma da igreja caminhar;
·
Toda instituição humana carece de reformas e mudanças. A
Bíblia está acima da instituição seja ela católica ou protestante;
·
A igreja precisa de reformadores de tempo em tempos;
·
A leitura da Bíblia opera a verdadeira reforma que todo
ser humano precisa – 2 Tm. 3. 16;
·
Toda mudança global tem dimensões políticas, religiosas
e sociológicas.
(Conteúdo
adaptado de aula ministrada na UNIPAC pelo Pr. José Roberto Limas da Silva).