Quem deve educar nossas crianças?
“Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da
vida, ela não se desviará dele.”[1]
Historicamente, sabemos que o Estado romano facultava aos pais, a
prerrogativa de sacrificar as crianças recém-nascidas. Os pais, percebendo
alguma coisa que não lhes agradava naquela criança, tinham a liberdade de
sacrificá-la. Poderia ser uma doença, uma anomalia comportamental, um defeito
físico, um período de escassez de alimentos ou, ainda, para controlar o número
de membros da família. Neste sentido o infanticídio era prática recorrente na
jurisdição do império romano. Tal fato foi abolido a partir do século IV (d.
C), por intervenção da igreja cristã, que passou a ter influência cultural e
política no Império Romano.
O infanticídio é uma mácula na história da humanidade que nos
envergonha como seres humanos. Não obstante, tal fato precisa ser lembrado a
fim de que não se repita em nossos dias. A história pode ser uma boa pedagoga
para nossa ação educacional e política. Neste sentido, temos a lamentar que,
atualmente, o nosso estado brasileiro sinta-se competente para ingerir de forma
invasiva a educação de nossas crianças, oferecendo material pedagógico/didático
que perturbam a orientação sexual das crianças. Os pais não podem esquecer que
cabem a eles, essencialmente, a responsabilidade de educar seus filhos,
especialmente, nos aspectos ligados á vida moral e social, o que envolve
valores, crenças e tradições.
A tolerância do Império Romano com o infanticídio pode ser
reeditada, atualmente, em outros moldes, especialmente quando o estado “mata”
ou permite a escola “matar”, nas crianças, a oportunidade de um crescimento
físico, mental e emocional saudável. A escola não tem o direito de arruinar os
valores morais e éticos que a criança recebe na família. Ela, a escola, não
substitui a família, mas deve ser um ponto de apoio da mesma.
O texto preambulado diz “educa a criança no caminho que deve
andar”, sendo que esta missão pertence, precipuamente, aos pais, no período
da infância, porque as bases morais, intelectuais e sociais são lançadas nesta
fase da vida. Sabemos que nenhum edifício é seguro se não possuir um fundamento
seguro e sólido. É na infância que os valores morais e éticos são fundados.
Qualquer interferência em fases posteriores da vida (adolescência, juventude e
adultez) é precária e dolorosa.
Não podemos nos esquecer que “é dever dos pais, não da escola, a
educação religiosa e moral”[2].
Portanto, quando o estado através da escola quer interferir na orientação
sexual das crianças, está invadindo o ambiente familiar e assumindo uma
autoridade que ele (o estado) não possui sobre nossas crianças. Quando uma
escola declara que a família não é composta por pai, mãe e filhos, ela está
desconstruindo um modelo milenar, que foi a base da civilização humana, bem
como, está atentando contra os princípios divinos para a manutenção da
organização social.
Todos nós sabemos que existem outros arranjos familiares, sobretudo
em face da morte ou ausência de um dos cônjuges/pais. Há o caso de crianças que
são criadas pelos avós, parentes etc. Estas são famílias legítimas, com toda a
certeza, mas não são o modelo. São situações que fogem á regra geral. Neste
sentido, não é justo, transformar a exceção em regra.
Temos conhecimento de escolas que não comemoram mais o dia dos
pais, porque isto seria ofensivo aos filhos que não têm pais. A escola falha aí
em deixar de ser conscientizadora e orientadora do filho órfão ou abandonado,
mostrando-lhe a importância da paternidade, bem como, ensinando-lhe a
importância daquelas pessoas que exercem esta paternidade, mesmo não sendo “pais
biológicos”. A falsa piedade demonstrada em não tocar no tema “paternidade”
demonstra a irresponsabilidade da escola pública e do estado para com o bem
estar das crianças. A criança que não possui um pai presente ou vivo hoje,
amanhã poderá ser um pai cuidadoso e presente, bastando ser bem orientado para
isto.
Portanto, a questão da sexualidade e do gênero das crianças é um
assunto que pertence, exclusivamente, aos pais. De tal forma que, quando um
professor questiona a orientação sexual de uma criança, este professor lança
dúvida e confusão na cabeça da criança. Sabemos, também, que a sexualidade
humana é uma característica biológica (XX e XY). A norma da concepção humana é
ser masculino e feminino. O gênero é a consciência desta sexualidade. Sendo que,
esta consciência é formada principalmente pelo convívio com os pais. Esta consciência
acontece de forma natural e espontânea em consonância com a sexualidade da
criança.
Por fim, ninguém fora da família está autorizado a ingerir neste
processo, muito menos o estado, através da escola. Cabe aos pais e responsáveis
pela criança facilitar esta tomada de consciência e estruturação sadia da
sexualidade da criança. Ademais a constituição biológica da criança já aponta para
a normatização desta orientação sexual.