SEBEMGE –
NORTE/MG
CARTAS PAULINAS
CURSO: MÉDIO E BACHAREL DE TEOLOGIA
PROFESSOR: JOSÉ ROBERTO LIMAS DA SILVA
Cartas Paulinas ás Igrejas.
“E, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me
envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso
para guardar o meu depósito até aquele Dia (2 Timóteo 1:12 ).
A epígrafe deixa claro que o apóstolo tinha convicção de sua
vocação e missão. Não há como ler as cartas paulinas sem enxergar a experiência
viva de conversão e chamado do apóstolo Paulo. Seu amor a Cristo, seu
comprometimento com sua palavra e seu zelo com as igrejas cristãs, são a
receita para a compreensão de suas cartas. Paulo não escreve suas cartas
despretensiosamente, pelo contrário, tudo que ele escreve é proposital.
Suas cartas refletem o propósito de Deus em estabelecer Sua igreja,
como agência de divulgação do evangelho e como detentora da palavra final
acerca da verdade neste mundo. Não por acaso, Paulo se refere à igreja como
“coluna e baluarte da verdade” (I Tm. 3. 15). Neste sentido, apesar dos eventos
do ministério de Jesus, precederem, naturalmente, o ministério de Paulo, ele
escreve, antes, dos evangelistas (Mateus, Marcos e Lucas). Suas primeiras
cartas são os documentos mais antigos do Novo Testamento (carta aos Gálatas em
48 D.C.), sendo que “o mais antigo dos evangelhos, na forma atual, não se pode
provavelmente atribuir a data anterior ao ano 60, mas da pena de Paulo temos
nada menos de dez epístolas entre 48 e 60”.[1]
Antes de entramos no estudo de suas cartas, convém caracterizarmos
a pessoa do apóstolo. Paulo era cidadão romano, embora de estirpe judaica,
nascido na cidade de Tarso da Cilícia (região da atual Turquia). A cidade de
Tarso, naquele tempo, era “um eminente centro de cultura grega, que não poderia
deixar de influir marcantemente em Paulo, como demonstram seus discursos e
escritos”.[2]
Neste sentido, Paulo era um judeu helenizado culturalmente, ortodoxo,
religiosamente falando e um romano, em face de sua cidadania romana. Desta
forma, “Paulo estava consciente de três lealdades temporais durante a vida.[3]
Pode-se dizer que Paulo era um judeu cosmopolita, um cidadão do mundo. Não
obstante, era judeu de coração e atitude, sendo que “quando jovem recebera
educação ministrada apenas aos jovens judeus de futuro e foi educado aos pés do
grande mestre Gamaliel”.[4]
Ainda, pensando em Paulo, podemos considerar como razoável, que
Paulo tenha nascido por volta de 1 D. C. e que, possivelmente, fora casado. “Os
judeus raramente permaneciam solteiros, e a paternidade era um dos requisitos
dos candidatos ao Sinédrio”.[5]
Pode-se afirmar que ele foi um contemporâneo de Jesus, não obstante, deveria
estar em Tarso, enquanto Jesus desenvolvia seu ministério em Israel. A
trajetória de Paulo na sua infância e adolescência é pouco citada nas cartas do
apóstolo, mas sua mocidade como zeloso estudante e praticante da Lei é
evidenciado em seus escritos (cf. Atos 26. 4, 5).
Finalizando esta caracterização da pessoa do apóstolo, faremos uma
cronologia da vida de Paulo para situarmos suas cartas (tabela 1, adaptada)[6].
Idade de Paulo |
Fato |
Escrito |
34 |
Conversão |
Atos 9 |
37/38 |
Visita à Jerusalém |
Atos 9 |
49 |
Segunda visita à Jerusalém |
Atos 11 |
49/50 |
Primeira viagem miss. |
Atos 13 – Gálatas |
50 |
Concílio de Jerusalém |
Atos 15 |
52/53 |
Segunda viagem |
1 e 2 Tessalonicenses |
55/58 |
Terceira Viagem |
1 e 2 Coríntios e Romanos |
59/61 |
Prisão em Jerusalém, julgamento e prisão em Cesareia. |
|
61/64 |
Prisão em Roma |
Filemom, Colossenses, Efésios e Filipenses |
65 |
Liberdade/Prisão em Roma |
1 Timóteo, Tito e 2 Timóteo |
|
|
|
Carta de Paulo aos Gálatas
Esta carta é reconhecidamente a primeira carta de Paulo, escrita
por volta dos anos 48 a 50 D. C. Esta conclusão é razoável, tendo em vista que
Paulo aborda questões próprias do início do seu ministério, sobretudo, o seu
embate doutrinário com os defensores da perpetuidade da lei mosaica. A carta
pode ter sido “escrita em Antioquia da Síria, ou mesmo em Corinto, ou em Éfeso
ou na Macedônia.” [7]
O tema principal desta carta gira em torno da defesa do evangelho
da graça em contraposição ao legalismo judaico, materializado na prática da
circuncisão. Como bem disse o apóstolo: “Porque, em Cristo Jesus, nem a
circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.”[8]
Podemos perceber a defesa zelosa e apaixonada da graça, através da pena de
Paulo, em face de uma recaída da igreja dos Gálatas ao ditames da lei,
possivelmente, em função da visita de alguns missionários judeus, que pregavam
um evangelho amalgamado á Lei.
Paulo é categórico na defesa da graça de Cristo, deixando claro que
aqueles que aqueles que se justificam na lei, da graça decaíram (cf. Gl. 5. 4). O retorno á prática da Lei foi
considerado por Paulo, verdadeira heresia, a ponto dele afirmar que “se alguém
prega outro evangelho diferente do que foi pregado por Ele, este evangelho era
maldito“ (Cf. Gl. 1. 9). A carta aos gálatas possui as marcas distintivas da
pregação de Paulo, pois realça a graça de Deus, revelada na cruz do calvário,
como justiça plena e satisfatória perante Deus, na remissão do pecado do homem.
A carta está alinhada com as controvérsias e os enfrentamentos
doutrinários pelos quais Paulo passa no início do seu ministério, sendo que, o
capítulo quinze de Atos, dá a devida dimensão deste conflito. O sucesso do
ministério de Paulo não foi recebido com entusiasmo da igreja de Jerusalém,
sendo que “houve, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão
com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém,
aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão.”[9]
A estadia deles em Jerusalém é um fato histórico porque pode ser entendido como
o primeiro concílio da igreja primitiva. Por isto a vitória da proposta de
pregação da graça de Deus, sem as amarras da lei judaica, significa importante
passo na obra missionária voltada para os gentios.
Cartas de Paulo aos Tessalonicenses (1ª e 2ª)
As duas cartas são encaminhadas ás igrejas localizadas na
Tessalônica, que era capital da Macedônia. A primeira carta foi escrita por
volta do ano 51 D. C., enquanto a segunda foi escrita para dirimir dúvidas que
os tessalonicenses alimentaram a partir do texto da primeira carta. A primeira
visa, basicamente, a motivar os tessalonicenses a suportar a perseguição e
vencer a oposição dos ímpios, sabendo que estas adversidades já surgiram no
início desta igreja. O principal destaque da primeira carta diz respeito à
necessidade de se preparar para a vinda do Senhor. Paulo recomenda a
necessidade de se estar vigilante para este momento, sobretudo, quando se
admite o arrebatamento da igreja, como realidade prática da vida da igreja.
Paulo tece o seguinte quadro para este evento:
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra
de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos
céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; 17 depois, nós, os vivos, os que ficarmos,
seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do
Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.[10]
A abordagem deste tema trouxe um clima de angústia e expectativa á
igreja de Tessalônica, tanto é que Paulo envia a segunda carta, buscando
tranqüilizar a igreja, demonstrando que o dia do Senhor virá dentro de um
conjunto de acontecimentos que, ainda, estão no porvir. Ele argumenta que
Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos 2 a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor. 3 ¶ Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição.[11]
A segunda carta encerra numa perspectiva de vida cristã prática,
demonstrando a necessidade de construir uma vida cristã devotada, mas conectada
à realidade cotidiana, sendo que necessário se faz trabalhar neste mundo, para
ter o sustento que promova o nosso bem estar, bem como, do irmão. As duas
cartas encerram a perspectiva de vida cristã que esteja afinada com os
procedimentos eternos de Deus (como é o caso de sua vinda) com a necessidade de
se viver de forma coerente e ética com o entorno social (cf. 2 Ts. 3. 10 – 12).
Cartas de Paulo aos Coríntios (1ª e 2ª)
Antes de falarmos do conteúdo da carta, precisamos localizar
Corinto como uma das principais cidades do Império Romano, localizada na província
da Acaia (região da Macedônia). Cidade portuária que dispunha de dois portos
(Cencreia e Lecaion), sendo que o primeiro ficava dez quilômetros a leste, no
mar Egeu, enquanto o segundo ficava a oeste em direção ao mar Adriático. A
cidade ostentava duas divindades locais, com seus respectivos templos.
A primeira divindade, Poseidon, o deus do mar, estava associado ao
poder naval, sobretudo, por Corinto estar numa região portuária. A segunda
divindade, Afrodite, deusa do amor sexual, que repercutia na vida sexual
emancipada dos cidadãos de Corinto. É sabido que no serviço religioso do templo
de Afrodite havia “a presença de mil prostitutas á disposição dos moradores da
cidade e de todos os visitantes.”[12]
Logo a cidade era conhecida pela sua vida promiscua e imoral. Fato este que ira
ser motivo de preocupações da recém formada igreja de Corinto.
Na primeira carta o apóstolo (que, certamente, não foi
necessariamente, a primeira)[13]
aborda duas questões principais. A primeira ligada á imoralidade sexual dos coríntios
e a segunda relacionada à participação em festas idólatras (capítulos 5 a 8). Outras
questões como os partidarismos são decorrentes da incompreensão da obra do
Espírito Santo na vida dos cristãos. Havia, não raro, preferências por
manifestações espirituais, como o falar em línguas, bem como, predileção para
determinados tipos de pregadores (Cf. 1 Co. 1. 11, 12).
Na segunda carta, o discurso de Paulo é mais ameno quanto ao
comportamento da igreja de Corinto, sobretudo, porque houve grande impacto da primeira
carta sobre a comunidade. Paulo elogia a postura de arrependimento e mudança da
igreja:
Ora, se alguém causou tristeza, não o fez
apenas a mim, mas, para que eu não seja demasiadamente áspero, digo que em
parte a todos vós; basta-lhe a punição pela maioria. De modo que deveis, pelo
contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por
excessiva tristeza.[14]
As duas cartas demonstram, como em nenhuma outra, um tom pessoal na
exposição de seu conteúdo. Paulo admoesta, corrige, motiva e cobra resultados
de uma igreja que ele acompanhou de perto, durante um ano e meio.[15]
Logo, ele desfrutava de grande conhecimento sobre a vida cotidiana da cidade e
da igreja. Suas considerações são, sempre, muito apaixonadas e envolventes na
forma como lida com esta igreja que exigiu cuidados especiais no seu
ministério, conforme ele demonstra nesta passagem: “Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que,
com santidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria humana, mas, na graça
divina, temos vivido no mundo e mais especialmente para convosco.” [16]
Carta de Paulo aos Romanos
Antes de mais nada, precisa ser dito que a carta de Paulo aos
romanos diferencia-se das demais, por se tratar, de certa forma, de uma suma
teológica do ensino de Paulo. Ademais, esta carta é dirigida a uma igreja que
“não fora estabelecida através da atividade missionária de Paulo.[17]”
Esta condição singular se explica pelo fato de que esta igreja, possivelmente,
começou através de judeus que compareceram á festa de Pentecostes (Atos 2),
quando da inauguração da igreja cristã, através do batismo no Espírito Santo. É
possível que “testemunhas daqueles fenômenos
miraculosos, havia peregrinos procedentes de Roma”.[18]
Portanto, a igreja de Romanos é uma igreja, que gozava de autonomia missionária
e teológica em relação ao ministério de Paulo, o que se percebe ao longo de
várias partes desta carta:
Porque muito desejo ver-vos, a fim de
repartir convosco algum dom espiritual, para que sejais confirmados, isto é,
para que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortemos por intermédio
da fé mútua, vossa e minha. Porque não quero, irmãos, que ignoreis que,
muitas vezes, me propus ir ter convosco (no que tenho sido, até agora,
impedido), para conseguir igualmente entre vós algum fruto, como também
entre os outros gentios. Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto
a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou pronto a
anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma.[19]
Essa foi a razão por que também, muitas
vezes, me senti impedido de visitar-vos. Mas, agora, não tendo já campo de
atividade nestas regiões e desejando há muito visitar-vos, penso em fazê-lo
quando em viagem para a Espanha, pois espero que, de passagem, estarei
convosco e que para lá seja por vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a vossa companhia.[20]
(Negrito nosso).
Percebe-se, claramente, que
o tom de Paulo não é paternal ou professoral em relação à igreja de Roma, uma
vez que, esta igreja é composta por um segmento de cristãos mais antigos na fé[21],
e que não são fruto do ministério de Paulo. Paulo busca um discurso mais
teológico do que prático, uma vez que ele não conviveu congregacionalmente com
esta igreja. Portanto, é a carta mais densa, teologicamente falando. Paulo vai
abordar as doutrinas da justificação, da regeneração, da eleição e da
predestinação. Daí decorre a grandeza e a extensão doutrinária desta carta.
A carta aos Romanos, simplificadamente, apresenta ao longo dos
capítulos um ao três, a condição do homem pecador diante de Deus, do capítulo
quatro ao oito, as possibilidades decorrentes da fé em Cristo, produzindo
acesso à justificação e a regeneração. Dos capítulos nove ao onze, Paulo vai
pontuar a situação dos Judeus perante Deus, considerando seu passado glorioso,
seu presente angustiante e seu esperançoso futuro. Encerrando, dos capítulos
doze ao dezesseis, algumas considerações práticas sobre a vida cristã (relações
fraternais, sujeição às autoridades) e saudações finais.
Carta de Paulo aos Colossenses
A cidade de Colossos se localizava na parte oeste da atual Turquia,
distanciando-se de Éfeso (principal cidade da Província da Ásia Menor), mais ou
menos 130 kilômetros. Colossos tinha como cidades próximas Laodiceia e Hierápolis,
que abrigavam igrejas irmãs que mantinham estreito contato com a igreja de
Colossos. A região sofria com um sincretismo religioso decorrente de sua
localização geográfica que, de certa forma, congregava cidadãos provenientes
dos mundos grego (ocidente) e persa (oriental). Religiões de mistério eram
praticadas nesta região, que tinha influências do gnosticismo grego, do
judaísmo místico, da adoração a deusa Ísis do Egito. Isto sem falar da deusa
Cibele, que era cultuada intensamente nesta região, sendo considerada a mãe dos
deuses, simbolizava a fertilidade da natureza.
Neste caldeirão religioso a recém formada igreja de Colossos se
debate com esta atmosfera religiosa panteísta e sincrética. Esta igreja não foi
visitada pessoalmente por Paulo (até a data de sua escritura), sendo que o
evangelho cristão, certamente, “foi introduzido durante o ministério de Paulo
baseado em Éfeso.”[22]
Paulo escreve da prisão, em face da visita de Epafras[23],
que lhe traz informações das heresias que campeavam a igreja em Colossos.
O roteiro da carta percorre um caminho bem definido. Nos capítulos
inicias Paulo vai colocar a perspectiva do evangelho e da obra salvífica sobre
os ombros de Cristo, demonstrando que Jesus é o libertador e redentor do homem
pecador, livrando-o das garras de Satanás, e ainda submetendo o mesmo à pública
e notória vergonha cósmica.[24]
Ele, Paulo, vai fazer, nesta carta, a defesa da soberania e preeminência de
Cristo sobre toda a criação, estabelecendo-o como fundamento da verdadeira
religião e, assim, banindo toda proposta de panteísmo e sincretismo. Nesta
apologia entusiasta e contundente, Paulo traça um dos mais belos retratos da
divindade de Cristo, que pode ser percebido nos versículos seguintes:
Este
é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele,
foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades.
Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele,
tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o
primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque
aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude.[25]
Carta de Paulo aos Efésios
Éfeso, certamente, era a cidade mais eminente da Ásia menor, sendo
considerada por muitos anos, a segunda cidade mais importante de todo o império
romano, possuindo uma população de 250.000 habitantes no século I A. C.. Por
isto, Paulo escolhe esta cidade mais populosa e significativa, politicamente,
para dali evangelizar toda a Ásia.[26]
A localização do sítio arqueológico de Éfeso (onde ficava a cidade dos tempos bíblicos) fica no distrito de Selçuk, que pertence a Esmirna, na Turquia (veja figura 1).
A carta pode ser dividida em duas seções principais. A primeira parte, compreendendo os três primeiros capítulos é mais densa teologicamente, enfocando a extensão da redenção de Cristo na vida do cristão, demonstrando a segurança absoluta em sua salvação eterna, bem como, a eficácia da graça em face de um homem perdido, rebelde e sem esperança no mundo. Completando esta primeira seção, no final do capítulo dois e o três integralmente, ele apresenta o eterno propósito (mantido em oculto, até então) de reunir Judeus e gentios no corpo da igreja (eklesia). A segunda parte é composta pelos capítulos quatro, cinco e seis. Nestes capítulos ele vai oferecer conselhos práticos para a vida cristã devotada e santificada no ambiente congregacional, familiar e social.
A carta é concluída sem as costumeiras saudações finais, o que leva alguns estudiosos a acreditarem que a carta tinha o objetivo de ser uma circular entre as diversas igrejas, não se limitando, apenas, aos cristãos da igreja de Éfeso. Não obstante, isto é somente uma conjectura, sobretudo, porque Paulo poderia abster-se de saudações mais demoradas, uma vez, que recentemente, estivera na companhia deles, conforme relatado em Atos 20.[27]
Carta de Paulo aos Filipenses
A cidade de Filipos era uma das principais da macedônia (figura 2), sendo colônia romana e gozando de certos privilégios e dos mesmos direitos que tinham as cidades italianas. Neste sentido, usavam as leis romanas e a língua oficial era o latim. Diferentemente das igrejas estabelecidas por Paulo na palestina e na Ásia, a cidade de Filipos tinha pouco contingente de Judeus, havendo certo orgulho dos Filipenses em terem o status de Colônia Romana.
A igreja de “Filipos, a primeira fundada por Paulo na Europa, data
da segunda viagem missionária do apóstolo”[28],
sendo que esta igreja foi fundada lá pelos anos 50 D. C, enquanto a carta foi
escrita quando Paulo estava na prisão de Roma, em torno de 62 D. C.. Seus
objetivos principais são:
a) encorajar os Filipenses que, eventualmente, estavam abatidos com
a prisão do fundador daquela igreja[29];
b) Incentivá-los no amadurecimento espiritual e consagração ao serviço
do Senhor;
c) A necessidade de serem alegres e felizes diante de todas as
circunstâncias[30];
d) Elogio á generosidade e cooperação da igreja de Filipos, que
abraçou e sustentou o ministério de Paulo.[31]
Conclusivamente, podemos dizer que esta igreja marca o
estabelecimento da igreja cristã na Europa, inaugurando um novo tempo no
cristianismo. A igreja que começa na casa de Lídia, na cidade de Filipos, agora
em solo Europeu, se tornará durante dois milênios, a maior instituição
religiosa de todos os tempos. Algo que deve ser analisado em nossos dias,
quando a igreja sai do eixo Europa-América do Norte e se volta para a América
do Sul e a África, mas isto é outro assunto que não cabe uma discussão neste espaço.
Glória a Deus!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA,
João Ferreira. Bíblia Sagrada (carta
do apóstolo Paulo aos Gálatas, capítulo 5, verso 6). 2ª Ed. São
Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
ALMEIDA, 1993. Carta aos Colossenses, capítulo 1, versos 15 ao
19.
______________ - Carta aos Romanos, capítulo 15, versos 22 a 24.
______________-
Carta aos Romanos, capítulo 1, versos 11 ao 15.
______________- Livro de
Atos dos apóstolos, capítulo 15, verso 2.
______________-
Primeira Carta aos Tessalonicenses, capítulo 4, versos 16 e 17.
______________-
Segunda Carta aos Coríntios, capítulo dois, versos dois ao sete.
______________- Segunda Carta aos Coríntios, capítulo um, verso
doze.
______________-
Segunda Carta aos Tessalonicenses, capítulo dois, versos 1 a 3.
BRUCE, F. F. Merece Confiança o Novo Testamento? São Paulo:
Vida Nova, 2007.
CAIRNS,
Earle E. O Cristianismo através dos Séculos. São Paulo: Vida Nova, 2008.
DOCKERY,
David. Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2001, p. 710
POLLOCK,
John. O Apóstolo. São Paulo, Editora Vida, 1989.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Barueri: 1997.
MARTIN, Ralph P. Colossenses e Filemom: Introdução e
Comentário. São Paulo, 1991.
MURRAY, John. Comentário Bíblico Fiel – Romanos. São José dos Campos: Fiel, 2003.
[1] BRUCE, F. F. Merece
Confiança o Novo Testamento? São Paulo: Vida Nova, 2007. p. 99.
[2] BRUCE, 2007,
p. 99.
[3] CAIRNS,
Earle E. O Cristianismo através dos Séculos. São Paulo: Vida Nova, 2008.
p. 52.
[4] CAIRNS, 2008,
p. 52.
[5] POLLOCK, John.
O Apóstolo. São Paulo, Editora Vida, 1989. p. 15.
[6] DOCKERY,
David. Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2001, p. 710
[7] DOCKERY, 2001,
p. 742.
[8] ALMEIDA,
João Ferreira. Bíblia Sagrada (carta
do apóstolo Paulo aos Gálatas, capítulo 5, verso 6). 2ª Ed. São
Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
[9] ALMEIDA, 1993 - Livro de Atos dos apóstolos, capítulo 15, verso 2.
[10] ALMEIDA,
1993 – Primeira Carta aos Tessalonicenses, capítulo 4, versos 16 e 17.
[11] ALMEIDA,
1993 – Segunda Carta aos Tessalonicenses, capítulo dois, versos 1 a 3.
[12] DOCKERY, 2001,
p. 725.
[13] Já em carta vos escrevi que não vos
associásseis com os impuros (1 Coríntios 5:9 RA).
[14] ALMEIDA,
1993 – Segunda Carta aos Coríntios, capítulo dois, versos dois ao sete.
[15] E ali
permaneceu um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus (Atos
18.11).
[16] ALMEIDA,
1993 – Segunda Carta aos Coríntios, capítulo um, verso doze.
[17] MURRAY, John. Comentário
Bíblico Fiel – Romanos. São José dos Campos: Fiel, 2003. p. 15.
[18] MURRAY, 2003,
p. 15.
[19] ALMEIDA,
1993. Carta aos Romanos, capítulo 1, versos 11 ao 15.
[20] ALMEIDA, 1993. Carta
aos Romanos, capítulo 15, versos 22 a 24.
[21] Saudai Andrônico e Júnias, meus parentes
e companheiros de prisão, os quais são notáveis entre os apóstolos e estavam em
Cristo antes de mim. (Romanos 16:7 RA)
[22] MARTIN, Ralph
P. Colossenses e Filemom: Introdução e Comentário. São Paulo, 1991. p. 17
[23] Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de
Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas
orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a
vontade de Deus.” (Colossenses 4:12 RA)
[24] e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz. (Colossenses 2:15 RA)
[25] ALMEIDA, 1993. Carta
aos Colossenses, capítulo 1, versos 15 ao 19.
[26] Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes
da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos. (Atos 19:10
RA).
[27] De Mileto, mandou a Éfeso chamar
os presbíteros da igreja. (Atos 20:17 RA)
[28] MACARTHUR, John. Bíblia
de Estudo MacArthur. Barueri: 1997, p. 1613.
[29] Quero ainda,
irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes,
contribuído para o progresso do evangelho; (Filipenses 1:12 RA)
[30] Alegrai-vos sempre
no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos. (Filipenses 4:4 RA)
[31] E sabeis também
vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia,
nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente
vós outros; (Filipenses 4:15 RA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário. Ele é bem vindo!