INTRODUÇÃO À HOMILÉTICA – MÓDULO II -
A idéia de trabalhar uma disciplina que seja tão abrangente e
envolvente deveria ser suficiente para justificar o nosso interesse por tal
matéria. A Homilética sendo a arte de elaborar e proferir discursos com eficiência,
alcança não somente o segmento religioso, mas também àquelas pessoas que se
dirigem às massas, sejam eles, políticos, artistas, professores, jornalistas,
advogados etc.
Evidentemente que o tempo que iremos usar para expor a disciplina
não será suficiente, dada a largueza do seu conteúdo e alcance. Sendo assim,
deter-nos-emos na sua aplicação religiosa e congregacional, ou seja, a
homilética no âmbito da pregação cristã.
Não obstante, os seus princípios gerais, uma vez que a homilética
é uma ciência também, poderão ser aplicados por pessoas que proferem discursos,
palestras etc no âmbito secular.
O nascedouro da homilética remonta aos filósofos gregos que
encontraram na retórica e na oratória (duas atividades ligadas a homilética,
que em tempo serão discutidas) a possibilidade de apresentar e difundir seus
ensinamentos, não somente isto, de fazer prevalecer sistemas de crenças,
conhecimentos e posicionamentos políticos.
Eis o pensamento de alguns filósofos com relação ao assunto:
Gorgias, o sofista: dizia que o objetivo da
retórica é “pela palavra convencer os juízes no tribunal, os senadores no
conselho, os Eclesiastes na assembléia e em todo ajuntamento, onde congreguem
os cidadãos (Platão, Górgias , p. 58, 59);
Platão (427 – 347 a.C). Na perspectiva de Platão
a Retórica deveria, antes de tudo, ser utilizada na exposição da verdade;
Aristóteles: (384 – 322 a.C). Para
ele, a Retórica não consistia em persuadir, mas discernir os meios de
persuadir.
Diante do exposto, antecipamo-nos em dizer que a Hermenêutica não
é o mesmo que a Retórica, nem o mesmo que a Oratória. Façamos
simplificadamente, então, esta distinção:
Homilética - É a ciência ou a arte de
elaborar e expor o sermão (discurso cristão do púlpito).
Oratória - Arte de falar ao público.
Retórica - Conjunto de regras
relativas a eloquência; arte de falar bem, visando a instrução e a persuasão.
Como dissemos, o
nascedouro da Homilética foi na Filosofia Grega, mas é no cristianismo que
encontramos o desenvolvimento desta arte, que é a de elaborar discursos e
pregá-los. No ambiente da congregação cristã, encontramos o terreno fértil para
a pregação do evangelho, e neste sentido, muitos homens e mulheres buscaram, ao
longo dos séculos, se esmerarem nesta arte.
Não podemos perder de
vista também que a Homilética é uma ciência que trabalha com princípios que
regem a elaboração e a comunicação de um discurso (sermão, pregação, homilia).
Finalmente, na proposta de estudarmos a Homilética, temos antes de
tudo o desejo de cumprir o que o Espírito Santo, através do apóstolo Paulo nos
exorta a fazer: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não,
corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina (2 Tm. 4. 2). Diante
deste imperativo, resta-nos prepararmo-nos da melhor maneira para cumpri com
eficácia este mandato.
Que o Todo Poderoso, Nosso Senhor Jesus Cristo, nos capacite para
esta obra maravilhosa, usando o que iremos aprender neste módulo.
Fraterno abraço!
Pr. José Roberto Limas da Silva
I-
DEFINIÇÃO E CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A HOMILÉTICA
Homilética: vem do verbo
grego omileo – que significa conversar com, falar etc. (Lc. 24. 14, 15. A
homília é uma conversação, uma palestra. A Homilética dá a luz a homília, o
sermão, o discurso, a pregação.
Alguns conceitos da disciplina “Homilética”:
Homilética é a ciência da qual a arte é a pregação e cujo produto é o
sermão (W. Blackwood – A preparação de sermões);
Homilética é a ciência que ensina os princípios fundamentais de
discursos em público, aplicados na proclamação e ensino da verdade divina...
(Hoppin – O preparo e a entrega de sermões);
Homilética é a adaptação da retórica
às finalidades especiais e aos reclamos da prédica cristã ( Broadus – O
preparo e a entrega de sermões);
Etc.
Importância
da Homilética:
A disciplina
se reveste de imensa importância, quando observamos que os grandes eventos
bíblicos, sempre, foram marcados por grandes pregações (Moisés na entrega da
Lei, Jesus no Sermão do Monte, Pedro na conversão de milhares de pessoas,
durante Pentecostes). A palavra pregada é um poderoso instrumento para promover
salvação do pecador e santificação da igreja – (Mc. 16. 15 – 20). Não existe
meio mais poderoso que Deus tenha escolhido e aprovado para anúncio do seu
reino e de sua glória (Rm. 10. 13 – 17).
Cuidados
Especiais no Estudo e Prática da Homilética:
1- A
artificialidade: O uso da técnica em prejuízo da unção. O mecanicismo na
exposição da Mensagem;
2- A Imitação:
O risco de copiar um padrão e não ter identidade própria. Cada pregador deve
ter um estilo próprio;
3- O
Criticismo: O conhecimento pode trazer a arrogância e o perfeccionismo,
deixando a conduta piedosa e longânima, tão próprias do cristão.
II- O
SERMÃO:
A partir deste
ponto faremos considerações mais estritas quanto a Homilética, colocando o seu
foco, basicamente, sobre o Sermão, que é o discurso cristão no ambiente
congregacional ou evangelístico. Neste sentido vamos tratar então da Forma e do
Conteúdo do Sermão.
Vamos
classificar então os diversos sermões de duas maneiras: Quanto a Forma e quanto
ao Conteúdo.
1- Quanto à
forma:
Diz respeito na forma como se apresenta o sermão em termos de estrutura.
a) Temático:
O sermão é construído e desenvolvido sobre um tema. A escolha do tema precede
os demais aspectos constitutivos do sermão. O texto bíblico é usado para
ilustrar e referendar os argumentos esboçados. Pouca atenção é dada a exêgese
do texto e sua, eventual, contextualização;
b) Textual: Neste Sermão o ponto de
partida para a mensagem é um texto bíblico (normalmente, um texto pequeno). O
sermão não pode fugir da passagem mencionada; eventuais citações são breves e
com a finalidade de reforçar o texto escolhido;
c)
Expositivo:
O sermão expositivo é mais abrangente e doutrinário. Sua exposição considera os
ensinamentos gerais das Escrituras. O seu discurso não é limitado pelo tema ou
pelo título do sermão. Seu objetivo é discorrer sobre as verdades dos textos
mencionados.
2- Quanto
ao conteúdo:
Está relacionado com o assunto e as informações contidas no discurso (sermão).
1- Sermões
Evangelísticos: Voltados para o anúncio das boas – novas. Ênfase especial sobre
o pecado da humanidade, a salvação de Cristo, a vida eterna etc. Neste sermão
há de se levar em conta que parte dos ouvintes não são cristãos, por isto, as
questões do vocabulário e do tempo devem ser dimensionadas adequadamente;
2- Sermões
doutrinários: Neste sermão contempla-se as grandes doutrinas da Bíblia, e, de
maneira geral, a forma destes sermões são expositivas e visam a defesa da fé
cristã.
3- Sermões de
consagração: São, normalmente, sermões exortativos no sentido de buscar uma
vida de santidade, de devoção a causa do Reino de Deus etc.
4- Sermões de
consolação: Estes estão direcionados ao consolo e edificação dos crentes em
geral. Tem como finalidade precípua trazer alento aos ouvintes.
5- Sermões
éticos: Neste sermão grandes questões morais são enfatizadas, levando em conta
aspectos da vida social como exploração dos fracos, aborto, pena de morte etc.
6- Sermões
Mistos: Estes sermões englobam mais de um tipo de conteúdo. Por exemplo:
Consagração e consolo.
III- ANOTAÇÕES IMPORTANTES PARA A ELABORAÇÃO DE UM SERMÃO
“ Se uma pessoa prega bem
sem homilética, melhor pregará com ela”
1- Requisitos essenciais:
A- Fidelidade textual: o pregador deve estar comprometido com o
texto que vai ser lido. Não deve descontextualizá-lo, nem interpretá-lo ao seu
bel prazer. A mensagem precisa estar efetivamente ligada a este texto.
B- Elemento Didático: O Sermão sempre tem a função didática de
ensinar (Mt. 28. 19). Embora o sermão não seja uma aula, ele precisa conter
elementos que proporcionem aprendizagem aos ouvintes;
C- Unção: Este é o diferencial entre o sermão secular e o sagrado.
A vida do pregador com Deus afetará diretamente o sermão.
2- Requisitos secundários do Sermão:
A- Assunto ou tema;
Todo o sermão deve girar em torno desta idéia principal,
procurando sempre dar- lhe ênfase e destaque. Este ponto de referência
determina uma gravitação de todas as partes para um determinado centro. Ex. A
salvação pela graça: todas as citações, comentários, etc, devem estar em torno
do assunto “salvação pela graça”.
B- Unidade: Consiste na relação das partes com o assunto. Para que
o sermão tenha unidade, necessário é que tenha um só assunto e um só propósito,
e também que o pregador evite qualquer forma de digressão.
Obs. Concentre se num só objetivo, e estabeleça uma relação entre
todas as partes com o assunto principal. Se eu pregar em todas as direções,
falarei muito e pouco serei compreendido.
C- Ordem: A ordem ou organização dos pensamentos precisa ser
observada; não basta ter, apenas, bons pensamentos é preciso saber
organizá-los.
Obs: Associe as idéias e palavras harmoniosamente. Não construa
frases soltas, procure associar as idéias, frases e palavras.
D- Movimento: Está relacionada com a elocução, ou seja, como a
mensagem é comunicada. Entusiasmo, vivacidade e beleza. Estes aspectos são
essenciais na ministração do sermão.
IV - COMPOSIÇÃO DO SERMÃO:
Texto: Bíblico.
Tema: É a idéia central do sermão. Sua titulação deve ser clara,
objetiva, atraente e contextualizada. O tema pode ser, eventualmente, usado
como título. Entretanto, a melhor maneira de tornar o sermão objetivo é dar-lhe
um título específico.
Introdução: É a apresentação do seu assunto e deve, portanto, gerar
curiosidade e interesse pelo conteúdo do seu sermão. Normalmente, a introdução
é a última parte a ser feita na elaboração do sermão.
Pontos importantes na introdução:
a) Deve ter uma só idéia dominante;
b) Deve ser honesta e ponderada - Não prometer mais do que pode
dar, senão haverá desapontamento;
c) Deve ser breve - deve ser proporcional ás outras partes do
sermão (05 minutos ). Não antecipe o assunto a ser tratado nos tópicos e
conclusão.
d) Deve ser bem composta: ele será a primeira impressão acerca da
mensagem e do orador;
e) Deve se evitar referência à própria pessoa (ao pregador); se o
auditório perceber que o orador quer se exaltar, poderá ser antipatizado;
f) Deve ser proferida com calma.
Corpo do Sermão
O corpo do Sermão é formado por tópicos e subtôpicos, que irão
conter as idéias principais do sermão que darão suporte ao tema proposto. A
parte mais importante do sermão é o seu corpo. Nele as idéias devem ser
desenvolvidas harmoniosamente e conservando a unidade entre os tópicos. Tudo
que for dito, deve estar alinhado como o assunto do sermão.
I-
Tópicos e subtôpicos
1-
2-
3-
4-
II- Tópicos
e subtôpicos
1-
2-
3-
4-
III-
Tópicos e subtôpicos
1-
2-
3-
4-
Conclusão: Deve terminar o discurso da maneira mais natural, própria e
adequada. Ela deve ser a conclusão do sermão todo, e não apenas do último
tópico. Precisa ser breve e abrangente, mas nunca uma repregação do que já foi
falado.
Aplicação: O apelo é o clímax da pregação. Portanto deve ser feito com a
seriedade devida e tem em vista a aplicação da mensagem na vida do ouvinte. Não
subestime esta oportunidade.
EXEMPLIFICAÇÃO:
Texto: João 3. 16
“Porque Deus amou ao mundo
de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crê não
pereça, mas tenha vida eterna.”
Tema: TRÊS PERGUNTAS SOBRE O AMOR DE DEUS.
Introdução: Não é fácil compreender o amor de Deus, mas este texto (Jo. 3.
16) nos traz respostas importantes. Hoje faremos três perguntas sobre o amor de
Deus e vamos buscar a resposta nesta mensagem que vamos minsitrar agora. A
primeira pergunta é?
I- Porque Deus ama o homem?
1.-
Porque o homem é imagem e semelhança de Deus; Gn. 1. 26, 27
2.-
Porque o homem foi criado para expressar a glória de Deus - Ef. 1. 12
3.-
Porque o homem é o único ser terreno capaz de manter comunhão com Deus.
4.-
Porque o homem é o único capaz de corresponder racionalmente e espiritualmente
ao amor de Deus - Ec. 3. 11, Rm. 12.1
II- Como Deus ama o homem?
1.-
Com um amor incondicional - Rm. 5. 8
2.-
Com um amor imutável - Ml. 3. 6
3.-
Com um amor que a razão humana não consegue dimensionar - ... de tal maneira
4.-
Com um amor sacrificial - Jo 15. 13 -
III- Para que Deus ama -
1.-
para ter o homem ao seu lado - Jr. 31 - 3
2.-
para cuidar de suas necessidades - Os. 11.3, 4
3.-
Para lhe dar vida com abundância: Jo. 10. 10
4.-
Para lhe dar a vida eterna - Jo. 3. 16
Conclusão:
Deus ama o homem e demonstra claramente este amor. Nesta noite,
pudemos compreender este amor, porque Deus nos revelou, através de Cristo, e
sabemos que este amor é pessoal, incondicional e eterno. Portanto, nenhuma
pessoa deve ser privada de conhecer este amor.
Aplicação: Agora que você compreende este amor, o que pretende fazer? Está
disposto a mostrar ao mundo, o que significa amar desta maneira a ponto de dar
sua vida como prova deste amor? Todos que queiram assumir o compromisso de
falar deste amor ás pessoas, levantem uma de suas mãos!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 Bíblia Sagrada - Almeida, João Ferreira - Revista e Atualizada
no Brasil, 2ª Edição, Sociedade Bíblica do Brasil
2 A arte de Pregar. Leocádio Waltensir. Editora Lerban, Belo
Horizonte, 1997;
3 Lições de Retórica Sagrada. Gouvêa, Herculano Jr. Campinas,1974
4 Pregação: Homem e Método. North Stafford, Editora Vida Cristã
5- José da Silva, um Pregador Leigo. Stanley, Jerri Kei, Juerp,
Rio de Janeiro, 1986;
6- Apostila
do IBADEP – Instituto Bíblico das Assembléias de Deus no Estado do Paraná.
ATIVIDADE PRÁTICA
NOME:
DATA:
Texto:
Tema:
Introdução:
Tópico
I-
Tópico
II-
Tópico
III-
Conclusão:
Aplicação:
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
V- PASSOS PARA A ELABORAÇÃO E MINISTRAÇÃO DE UM SERMÃO
“ Esforça-te para te apresentar diante de Deus aprovado como obreiro
que não tem de que se envergonhar, e que manejas bem a palavra da verdade.” (2
Timóteo 2:15 TB)
1.Escolha
um texto inspirativo - Se na sua leitura encontrou um texto que ministrou ao
seu coração uma verdade diferenciada, ou mesmo que o emocionou, ou ainda, que o
levou a uma possível aplicação? Este é um texto ideal para elaborar um sermão;
2.Leia
com bastante atenção o texto e tente compreender o que há de mais importante no
texto, e descubra o assunto que está sendo destacado;
3.Retire
pelo menos três pontos interessantes deste texto;
4.Transforme
estes pontos em tópicos;
5.Procure
criar uma relação lógica e prática entre os mesmos tópicos;
6.Feito
a inter - relação entre eles, desenvolva separadamente as idéias de cada um;
7.Ao
desenvolver as idéias de um dos tópicos não se esqueça de que é preciso estarem
de acordo com o tema e com os demais tópicos. Não divague, nem estenda demais
os assuntos dos tópicos, concentre-se num objetivo;
8.Conclua
sua mensagem de maneira alinhada com seus argumentos e procure torná-la prática
na aplicação aos ouvintes;
9.Baseados no texto e no desenvolvimento dos tópicos, dê um título
para o tema de sua mensagem. É possível que já na leitura do texto você já
tenha idéia do tema, todavia, não conseguiu ainda as palavras certas para dar
título ao tema, portanto, no final do desenvolvimento dos tópicos, você terá
mais elementos que o auxiliarão na intitulação do seu tema.
10. Faça agora uma introdução que produza interesse pelo assunto
que você vai tratar nos tópicos e na conclusão.
OUTROS CONSELHOS:
Básico: Dependa totalmente de Deus e não se desespere em momento
algum, o Senhor está na supervisão da mensagem que Lhe pertence.
A) Sempre que entender que Deus está falando ao seu coração, ou
ministrando algo, anote em lugar seguro, não confie na sua memória;
B) Não existem lugares exclusivos para elaborar um sermão;
C) Leia o texto pelo menos três vezes - decore - o se for pequeno
- a parte mais importante da mensagem é o texto, portanto anuncie - o e leia o
corretamente, sem pressa;
D) Um bom pregador lê bons livros, senão fica desatualizado;
E) Não leve papéis, foto, dinheiro, etc, dentro da Bíblia, senão o
esboço;
F) Tenha conhecimento de tudo o que você vai falar;
G) Citações de outras pessoas que você não confirmou na palavra,
são perigosas;
H) Mantenha se fiel a proposta do seu tema;
I) Identifique seus cacoetes e evite-os
J) Evite os chavões sobretudo áqueles que você repete sempre;
K) Evite o evangeliquês: Privilégio, é um prazer estar aqui,
agradeço a oportunidade; não sou merecedor; não sou digno; não estou preparado;
quem está feliz diga amém;
L) Não exija atenção para você, conquiste a atenção;
M) Não antecipe a exortação na introdução, deixe para o
desenvolvimento da mensagem;
N)Não diga que a mensagem vai terminar meia noite, alguns poderão
acreditar nisto;
O) Não diga que é um iletrado e ignorante, se isto for verdade, as
pessoas vão descobrir dentro da mensagem;
P) Não coloque temas polêmicos que a Bíblia não te dará respostas
seguras, igualmente, evite títulos extensos, ou que reflitam à realidade
congregacional;
Q) Evite termos grosseiros e chulos, assim como as gírias;
R) Não demore demais na introdução do assunto, alguns podem
desistir de ouvir o restante;
S) A conclusão precisa ser clara e coerente com o que você propôs
no tema.
T) Atenção com o tempo e com a reação á sua mensagem;
U) Utilize só o tempo que lhe for dado;
V) Não use o sermão para desabafar ou para se vingar de pessoas;
X) Seja educado com os seus ouvintes;
Z) Muitos sermões são construídos ao longo do tempo, nem sempre
ele são elaborados num momento só.
Y) Respeite os costumes daquele ambiente; não tente mudar áquilo
que é a práxis local;
W) Não critique, nem mude a disposição de móveis, microfones, etc.
Use o que tem, e será suficiente.
VI - CONCLUSÃO DO MÓDULO DE
HOMILÉTICA
“ Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e
mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer
seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e
doutrina.” (2 Timóteo 4:1-2 RA)
Caro Aluno, Nosso módulo encerra aqui, mas a homilética nos seguirá por todo o
curso de Teologia. Não somente isto, cremos que na vida de muitos, a referida
disciplina será uma constante companheira no decurso de sua jornada cristã.
Portanto, cumpre nos dizer que
damos, apenas, os primeiros passos no conhecimento desta disciplina. Teremos,
pelo menos, mais um módulo, que será, possivelmente, a Homilética avançada, que
dará especial atenção na questão da interpretação do texto (inclusive os
originais), bem como, na capacidade de redigir bem o conteúdo do sermão.
Neste primeiro módulo, sem
dúvida, abordamos as questões mais importantes que são a elaboração do esboço
do sermão, bem como, a pregação do mesmo. Os passos seguintes dependerão de um
melhor conhecimento da Hermenêutica e da exêgese bíblicas.
O que recomendamos aos queridos é
que exercitem, exercitem e exercitem a prática de escrever e pregar sermões
dentro das técnicas aprendidas. A Homilética não se limita a teoria da sala de
aula, mas a pregação (querigma) pública da palavra de Deus.
Por fim, agradecemos o interesse
demonstrado pela disciplina, e, com a finalidade de incentivá-los ainda mais na
busca da excelência na arte da pregação, e ainda, com vistas a uma amostragem
do que os espera no próximo módulo de Homilética (ano que vem, possivelmente),
apresento um Sermão da lavra do vosso professor.
Inobstante, e em tempo,
esclarecemos para os amados que cada sermão é um milagre de Deus em nossa vida.
E o que se segue não é, primeiramente, fruto de técnicas, mas da abundante
graça de Deus em nossa vida.
Por fim, o sermão que é
apresentado mostra as etapas que vocês já percorreram e as que ainda precisarão
desenvolver.
Um abraço, boa leitura e Deus vos
abençoe!
ESBOÇO E SERMÃO
Texto: Atos 26. 24, 25
Tema: O que o Conhecimento Pode nos Oferecer?
Idéia Central do Texto: Paulo é questionado em sua
defesa, pelo governador Festo, acusando – o de que estava fora de seu juízo
completo, devido a sua formação intelectual elevada (as muitas letras). Paulo,
entretanto, reafirma a sua completa sanidade mental, e a sua convicção acerca
do discurso de defesa da sua fé (apologética).
Tese: A formação intelectual não é inimiga da fé.
Objetivo Geral: Evangelístico
Objetivo Específico: Levar aos ouvintes (uma platéia
eclética), a compreenderem a importância de uma boa formação educacional,
considerando que isto, não é um fator de afastamento da fé bíblica. Pelo
contrário, o verdadeiro crescimento intelectual (a sabedoria) deve estar a serviço
da fé, como foi o caso de Paulo. Por fim, possibilitar os formandos a
repensarem a importância da sua graduação, dentro do plano de Deus para suas
vidas.
I - O
Conhecimento nos capacita à defender os princípios fundamentais da vida.
- Paulo usa sua capacidade de oratória, e conhecimentos para produzir uma defesa consistente;
- Não podemos expor nossas idéias, se não demonstrarmos conhecimento suficiente;
- Uma formação intelectual adequada é a condição para a comunicação;
- O discurso de Paulo foi á altura dos seus ouvintes, assim deve ser o nosso.
II – O conhecimento nos oferece saúde mental, e não insanidade – At. 26.24b e 25a
- O mito de que quem estuda muito fica louco, ainda sobrevive;
- O conhecimento só se transforma em loucura quando está divorciado de Deus – I Co. 2. 6 – 8; 3. 19
- A verdadeira sabedoria tem origem divina – Pv. 1, 2
- O conhecimento traz consigo saúde, sucesso e longevidade; Pv.
III- O Conhecimento nos aponta o
caminho da verdade – At. 26. 25b
- Não podemos chegar a verdade sem o conhecimento – Jo. 8. 32;
- O conhecimento para Paulo era um meio, e não um fim;
- Uma fé sadia não despreza conhecimentos humanos ( revelação natural)- Rm. 1. 28.
- Jesus demonstrou conhecimentos espirituais e humanos – Jo. 3. , Jo. 7
SERMÃO
Texto:
At. 26. 24, 25
“ Dizendo ele estas coisas em sua defesa, Festo o interrompeu em
alta voz: Estás louco, Paulo! As muitas letras te fazem delirar! Paulo, porém,
respondeu: Não estou louco, ó excelentíssimo Festo! Pelo contrário, digo
palavras de verdade e de bom senso.” (Atos 26:24-25 RA).
“ Quando Paulo estava se defendendo assim, Festo gritou: —Paulo,
você está louco! Estudou tanto, que acabou perdendo o juízo! Paulo respondeu:
—Eu não estou louco, Excelência; estou em perfeito juízo e digo a verdade.”
(Atos 26:24-25 NTLH).
24 Ταῦτα δὲ αὐτοῦ ἀπολογουμένου ὁ Φῆστος μεγάλῃ τῇ φωνῇ φησιν· μαίνῃ, Παῦλε· τὰ πολλά σε γράμματα εἰς μανίαν
περιτρέπει. 25 ὁ δὲ Παῦλος· οὐ μαίνομαι, φησίν, κράτιστε Φῆστε,
ἀλλὰ ἀληθείας καὶ σωφροσύνης ῥήματα ἀποφθέγγομαι.
TEMA: O QUE O CONHECIMENTO PODE NOS OFERECER?
INTRODUÇÃO: Nestes dias em que a informação campeia livremente pelos meios de
comunicação, precisamos discernir o que de fato estamos recebendo, por meio da
mídia. A informação nem sempre produz conhecimento, sendo que, muitas vezes,
são apenas mecanismos de manobra das grandes massas. Entretanto, precisamos de
conhecimento que gere educação, e esta é uma necessidade básica para a vida,
que não pode ser negligenciada. (Vox Scripturae).
Podemos igualmente pensar no Brasil e os disparates entre o nível
educacional das classes mais favorecidas, que levam os seus filhos para estudar
em faculdades estrangeiras e as classes extremamente pobres que tem como média
de ensino a 5ª e 6ª Série do ensino Fundamental. Ademais uma vida cristã
piedosa há de se considerar a urgência de se obter um conhecimento integral,
não somente religioso mas, também, secular. Portanto, esta reflexão será
oportuna, para vocês que estão colando grau numa disciplina que se preocupa,
fundamentalmente, com a aprendizagem da língua, que é o curso de Letras. Uma
vez que a linguagem é, assim, um dos principais instrumentos na formação do
mundo cultural (Livro Filosofando).
Portanto, nesta ocasião vamos pensar no Conhecimento e no que ele
tem para nos oferecer.
I- O Conhecimento nos capacita à defender os princípios
fundamentais da vida – At. 26. 24a
1- Paulo usa sua capacidade de
oratória e conhecimentos para produzir uma defesa consistente;
A vida nos possibilita oportunidades e adversidades, mas em todas as
situações, devemos nos valer da capacidade que nos foi dada por Deus para
produzirmos a defesa dos nossos princípios de vida (sejam morais ou
espirituais). Falar com ousadia, sempre foi e é uma boa maneira de demonstrar a
confiança que temos naquilo que cremos (Ef. 6. 19). Conta-se também, que Sócrates que viveu em Atenas no século V A.c. era
um homem feio, mas, quando falava, era dono de um estranho fascínio(extraído
do Livro Filosofando).
2- Não podemos expor nossas idéias, se não demonstrarmos conhecimento
suficiente;
Uma exposição deficiente de conhecimento a respeito de qualquer
matéria, nos levará ao ridículo ou ao questionamento. Ser impreciso e
superficial é sempre o maior passo para o fracasso nas nossas relações
profissionais e, porque não dizer, no exercício da nossa religiosidade (Mt. 22.
29);
3- Uma formação intelectual adequada é a condição para a
comunicação;
Quem deseja comunicar, precisa atentar para a importância de se
conhecer bem o conteúdo da sua mensagem. Para que haja comunicação, necessário
se faz que o interlocutor entenda a mensagem, senão será uma mensagem de mão
única. A formação intelectual primorosa do comunicador (professor, jornalista,
pastor, advogado, etc) é condição sine qua non para que sua mensagem alcance os
objetivos propostos (Is. 29. 11, 12);
4- Nosso discurso, como o de Paulo, deve ser á altura dos nossos
ouvintes.
Um discurso contextualizado à realidade cultural e intelectual dos
ouvintes é fundamental para defendermos os princípios fundamentais da vida e da
nossa fé. Jesus sabia se dirigir aos doutores e às pessoas incultas (Mc. 4.
33). Não podemos menosprezar o indouto trazendo lhe um discurso sofisticado e
rebuscado, entretanto não devemos desprezar o sábio e o culto. Precisamos sim,
de um discurso adequado à capacidade de entendimento de cada um.
II – O conhecimento nos oferece saúde mental, e não insanidade –
At. 26.24b e 25a
1- O mito de que quem estuda muito fica louco, ainda
sobrevive;
Nos tempos em que a maioria
da população brasileira era de origem rural, existia o mito de que se alguém
estudasse muito, passaria o juízo. Hoje, entretanto, sabemos que isto não era,
nem é fato real, mas mesmo assim, ainda sobrevive resquícios deste mito. E quem sabe, por isto, temos uma pátria com
tantas pessoas analfabetas. Há ainda, aqueles que foram alfabetizados, mas que
não se interessam pelo conhecimento. E isto é tão evidente, que temos em nosso
país, um dos índices mundiais mais baixos em termos de leitura; havendo jovens
que passam um ano inteiro, sem ler sequer, um livro;
2- O conhecimento só se transforma em loucura quando está
divorciado de Deus – I Co. 2. 6 – 8; 3. 19
O conhecimento prejudica,
somente, quando ele visa alimentar o ego do homem. O conhecimento é uma bênção
para a humanidade, entretanto, quando ele se torna independente de Deus, poderá
trazer ruína para o homem e seu semelhante ( Rm. 1. 21). Perceber que o
conhecimento visa introduzir idéias apropriadas a respeito da criação e
manutenção da vida, é obrigação do estudante comprometido com a verdade. Porque
todo conhecimento que auto proclama independência do homem em relação a Deus,
está fadado ao fracasso completo, haja visto, a descoberta recente das ciências
de que a teoria da evolução é uma grande mentira, bem como, a comprovação que a
teoria do Big Bang é uma grande farsa.
3- A verdadeira sabedoria tem origem divina – Pv. 2. 6
Não há sabedoria que seja
verdadeira, que não tenha sua origem em Deus. Todo conhecimento humano é
imperfeito e parcial, tendo em vista, que o imperfeito não pode criar o
perfeito. As faculdades mentais do homem tem sua origem em Deus, e somente uma
mente iluminada pelo Espírito Santo, poderá chegar a verdade. A sabedoria
habita com os humildes, como ensinou o salmista, pois o arrogante é auto
suficiente e não tem tempo para aprender. Entretanto, o humilde quando busca o
conhecimento e a sabedoria, alcança, porque sua busca não começa em si, mas
Naquele que tem toda a sabedoria;
4- O conhecimento traz consigo saúde, sucesso e longevidade; .
Feliz o homem que acha
sabedoria, e o homem que adquire conhecimento (Pv. 3.
13). Esta é e perspectiva de quem experimenta o conhecimento, pois a saúde, o
sucesso e a longevidade estão associados à obediência dos princípios que
governam a vida. O conhecimento nos ensina a viver dentro de um mundo planejado
e criado para que o homem experimentasse paz e felicidade (Gn. 1. 31). A
ignorância em todos os níveis só trazem prejuízo para a raça humana, e uma das
facetas mais tristes do homem separado de Deus, é o seu estado de ignorância
acerca dos verdadeiros valores da vida (Oséias 4. 6);
III- O
Conhecimento nos aponta o caminho da verdade
1- Não podemos chegar a verdade sem o conhecimento – Jo. 8. 32;
O termo Gnosis é conhecimento, experiência, o entendimento dos fatos ou das verdades, ou mais visão, discernimento.
Já o termo sofia (sofia) é certamente a palavra superior de todas estas. É propriamente sabedoria. Denota excelência mental no sentido mais alto e completo, expressando uma atitude bem como um ato da mente. Compreende conhecimento e implica bondade, que inclue o esforço pelos fins mais dignos, bem como o uso dos melhores meios para a sua realização. Nunca é atribuído a ninguém exceto Deus e boas pessoas, a não ser em sentido claramente irônico.
Ambos os termos (sofia e gnosis) são usados para expressar conhecimento, e portanto, podemos afirmar que o conhecimento real e efetivo, é aquele que nos conduz á verdade -
2- O conhecimento para Paulo era um meio, e não um fim;
O conhecimento que Paulo tinha era, apenas uma ferramenta. Ele o
usava com um propósito maior, que era o de glorificar a Deus (I Co. 10. 31).
Não o usava como exibição de sua elevada cultura, mas como instrumento de
propagação da mensagem cristã. O conhecimento e a inteligência de Paulo, não
estavam a serviço de mera conjecturação filosófica, mas tinha finalidades
utilitárias e nobres. Esta é a busca sadia e adequada do conhecimento.
3- Uma fé sadia não despreza conhecimentos humanos ( revelação
natural)- Rm. 1. 28.
Os atributos invisíveis de
Deus, bem como sua criação e manutenção da ordem cósmica são observáveis pelos
sentidos humanos, e consequentemente, passíveis de serem incorporados ao
conhecimento humano. Portanto, o conhecimento acerca das obras de Deus são indispensáveis
para que o reconheçamos como Senhor de todas as coisas. Somente o insensato, ou
seja aquele que não detêm o “conhecimento”, diz em seu coração: Deus não existe
(Sl. 14. 1a).
Portanto, um cristão maduro, considera a importância do
conhecimento, e mais do que isto, usa este conhecimento para a consolidação de
sua fé.
4- Jesus demonstrou conhecimentos espirituais e humanos – Jo. 3. ,
Jo. 7 (como sabe ele letras, sem ter estudado).
Jesus nunca foi considerado um ignorante ou desatualizado, ou
mesmo mal informado. Muito embora, não tenhamos conhecimento, de uma educação
formal de Jesus nos bancos da universidade. Ele, recebeu educação e instrução
elevadas, uma vez que os seus contemporâneos se surpreendiam com o nível de seu
conhecimento e discurso: “Os líderes judeus ficaram muito admirados e diziam:
—Como é que ele sabe tanto sem ter estudado? (João 7.15).”
A abordagem de Jesus não era somente de ordem espiritual, mas seu
ensinamento está repleto de aplicação de conhecimentos naturais. Ele demonstrou
crescimento em todos os níveis de conhecimento, tanto humano quanto espiritual,
este é o grande desafio do estudante comprometido com a verdade (Lucas 2. 52).
CONCLUSÃO: Nosso conhecimento só será completo, se o recebermos de Deus. E
para termos acesso a este conhecimento, é somente através de Jesus Cristo, que
é a sabedoria de Deus (I Co. 1. 30). A presença de Cristo em nós, leva nos ao
verdadeiro conhecimento acerca de nós e da nossa natureza. Precisamos nos dar
conta da nossa situação de ignorância acerca da verdadeira vida que Deus tem
para nós. E o fato de sermos ignorantes nos leva ao pecado e a rebeldia contra
Deus, mas o conhecimento de Deus nos constrange ao arrependimento (Rm. 3. 10,
11) e a conversão (At. 3. 19).
APELO: Você que neste dia de formatura completa uma etapa na busca do
conhecimento humano, poderá encontrar nesta oportunidade o maior tesouro do
conhecimento, que é Jesus Cristo, e alcançar o maior prêmio que o conhecimento
pode dar que é a vida eterna. Faça esta escolha e colherá os frutos por toda a
eternidade. Amém!
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada ARA. 2ª Edição. São
Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil; 1993.
ALMEIDA. Bíblia On Line 3.0,
Módulo Avançado. São Paulo:
Sociedade Bíblica do Brasil; 1993.
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada NTLH. S P.: Sociedade B. do
Brasil; 1993.
STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong.
Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.
VOX SCRIPTURAE – Revista Teológica Latino-Americana, Volume VII, número
2, 1997, página 92.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando, Introdução à Filosofia. São
Paulo: Editora Moderna; 1991.
TODA GLÓRIA A DEUS!
Muito bom este material que Deus continue te Abençoando.
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