ATÉ ONDE VAI A MILITÂNCIA IDEOLÓGICA
CRISTÃ?
“Porque
noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos
da luz (porque o fruto do Espírito está em toda bondade, e justiça, e verdade),
aprovando o que é agradável ao Senhor. E não comuniqueis com as obras
infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as (Ef. 4. 8 – 11).”
Até
onde devemos levar o debate ideológico acerca dos valores cristãos? Vale a pena
lutar contra a cultura dominante do “povo da terra” (Nm. 33. 55)? Estaria Jesus
interessado neste embate? Estas perguntas devem encontrar uma resposta sob pena
de perdermos energia com uma batalha desnecessária, ou de sermos engolidos pela
ideologia dominante.
Acreditamos
que o cristianismo está muito ligado á palavra (logos), à apologia da fé (Jd 1.
3), portanto, o debate é inevitável. Agora, faz – se necessário definir em que
esfera ele será desenvolvido.
Diante
disto, resta á igreja definir seu papel ideológico e cultural no mundo. Nossa
missão é cristianizar o mundo (cidade de Deus de Agostinho) ou confrontar a
cultura do mundo (Rm. 12. 10)? A nossa apologia deve visar fortalecer os
cristãos na sua fé ou debater academicamente a cultura mundana?
Pensamos
que a proposta de cristianizar o mundo é inviável e, quem sabe, anti-bíblica,
portanto, a pregação deve ter como foco a confrontação do sistema e, assim, ganhar
alguns para Cristo, como fez Paulo no Areópago (At. 17. 16 - 34). Nossos
primeiros esforços devem ser orientados para os cristãos que estão na igreja,
ou seja, antes de ganhar os de fora, vamos ganhar os de dentro. Debater
exaustivamente a cultura do mundo, no sentido de redirecioná-la para Deus, pode
ser um caminho penoso e pouco produtivo, uma vez que a “ideologia dominante”
trabalha com uma natureza pecaminosa e rebelde contra Deus, que já está
estabelecida (I Jo. 5. 19).
A
vitória sobre esta cultura mundana não é massificante, mas particularizante. O
indivíduo que é alcançado com a pregação da cruz destrói para si a ideologia
que partilhava nos dias de trevas (Ef. 2. 1 – 3). A partir desta decisão particular de andar
com Cristo ele (individualmente) prevalece sobre a cultura dominante.
A
idéia de institucionalizar e acorrentar a cultura é descabida tanto para o
estado quanto para a igreja, mesmo quando o estado é religioso. Exemplos na
história não faltam, e o maior deles é o sacro império romano, que por força da
política eclesiástica católica e da espada romana, resolveu aculturar o mundo
pagão, de herança cultural grega, remixado pela religiosidade mística do
oriente (babilônios e persas).
O
resultado não podia ser outro, senão uma religiosidade dogmática, mística e
sincrética. Um dos grandes exemplos
disto foi a cristianização de datas de festas pagãs, como a do deus sol, que
era celebrada no dia 25 de dezembro e que tinha grande apreciação dentro do
império romano e, que por força de decreto eclesiástico foi estabelecida como a
data do nascimento do Salvador. Eis aí o natal, tão celebrado por nós, cristãos
ocidentais.
Por
fim, concluímos ser necessária a reflexão sobre a validade da militância da
igreja, no que concerne ao debate ideológico/cultural, bem como, no
estabelecimento dos limites deste, porque somente assim teremos condições de
nos posicionar adequada e inteligentemente na defesa de nossa fé.
Um
abraço e, permita-me, sem um feliz natal!
Deus
te abençoe!
José
Roberto Limas da Silva