ESCATOLOGIA
A escatologia é uma disciplina da Teologia que estuda as últimas
coisas, os últimos acontecimentos da humanidade. A escatologia cristã se baseia
nos escritos judaicos do Velho Testamento e no Novo Testamento. A preocupação
com o fim do mundo é encontrada em vários livros do Velho Testamento,
especialmente nos livros de Daniel e Zacarias. Há, também, algumas porções no
livro de Isaías.
A palavra escatos (e^scatoß), etimologicamente falando, significa último de uma sucessão, o fim
de uma sequência. Logo a palavra Escatologia significa o estudo dos fatos
últimos, das derradeiras coisas. É importante que a língua grega tem duas
palavras que podem significar fim, que é a palavra telos e a palavra escatos. A
palavra telos está mais ligada à consumação, conclusão, enquanto escatos tem
sentido voltado para o fim de uma sucessão de acontecimentos, sendo que
encontramos a palavra escatos em textos como Mt. 20.8, 20.16 e em Ap. 2. 19 com
esta idéia.
Tendo em vista a abrangência da escatologia, e sabendo, de antemão,
que é um tema tratado na literatura judaica, na literatura pagã e nos escritos
cristãos, enfocaremos, apenas, a abordagem cristã. Mais do que isto, deteremos
nossos estudos no livro de Apocalipse, que é o livro essencialmente
escatológico de toda a Bíblia.
O livro de Apocalipse encerra em si os maiores desafios
hermenêuticos (interpretativos) da escatologia. Seu conteúdo
profético-apocalíptico é desafiador para o mais hábil exegeta. Seu conteúdo
abarca revelações voltadas para a igreja militante dos seus dias até a igreja
dos últimos dias, como o Anjo do Senhor revela a João: “Portanto, escreva as
coisas que você vai ver, tanto as que estão acontecendo agora como as que vão
acontecer depois.” - (Apocalipse 1. 19).
A ESCATOLOGIA EM APOCALIPSE
A palavra Apocalipse, significa revelação, descortinamento, remoção
do véu. Temos no latim a palavra “revelatio, que significa ato de mostrar,
descobrir, destapar” (PEREIRA 2012). Revelar, portanto, é oposição a velar
(esconder, cobrir, tapar). A palavra calupto (calupsis), significa ocultar,
esconder, enquanto a palavra apocalupto (apocalipse) significa revelar, mostrar
o que está oculto.
A ESTRUTURA ESCATOLÓGICA EM APOCALIPSE
1- Os três primeiros capítulos se referem á realidades presentes e
locais. As igrejas da Ásia eram conhecidas e atuantes naquele contexto
histórico. Fazer delas “tipos proféticos” das igrejas que viriam no futuro não
me parece seguro, em termos exegéticos. Logo, nesta abordagem, o conteúdo
escatológico de Apocalipse se fará a partir do capítulo IV.
2- A base da
escatologia em Apocalipse
a)
O governo soberano e majestoso de Deus nos céus
(capítulo 04). A soberania de Deus e a majestade do seu trono, como Senhor
absoluto do céu. A beleza do céu, a descrição do trono, dos seres viventes e da
adoração á majestade de Deus são a base para a intervenção de Deus na história
(v. 2 ao 11). O ápice desta descrição está no verso 11: “Tu és digno, Senhor
e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu
criaste, sim, por tua causa da tua vontade vieram existir e foram criadas.”
O sacrifício do Cordeiro (capítulo 05). O
senhorio de Cristo sobre a história e sobre cada ser humano é justificado pela
sua ação sacrificial na cruz (v. 9). A história só tem sentido quando vista sob
o ponto de vista da redenção, da restauração do ser humano para Deus. Cristo é
aquele que devolveu o homem para Deus e por isto ele é “digno de tomar o livro
e de abrir os selos”. A história futura está absolutamente nas suas mãos. O
destino do cosmos está nas mãos de Jesus Cristo – Fp. 2. 8. 11.
3- Os Juízos de Deus na
história vindoura (capítulo 6, 7). A disposição apresentada aqui é a de revelações de 07 etapas da
história futura. Os selos são capítulos da história. A interpretação deve ser
buscada em termos seqüenciais. Há uma gradação na forma de personagens que
serão agentes desta história:
a-
Os quatro primeiros selos: Cavaleiro montado no
cavalo branco (reinado), cavalo vermelho (guerras), cavalo preto (escassez e
fome), Amarelo (mortes generalizadas) – até o verso 8.
b-
Os dois próximos selos são descrições (quinto e
sexto) que mostram as almas no céu, desorganização da estrutura planetária,
remoção da atmosfera, exposição da terra ao juízo de Deus, levantamento de um
grupo missionário, composto por judeus, para os tempos de crise (capítulo 07) e
os frutos do ministério da crise (grande tribulação).
c-
O último selo (sétimo) vai se prolongar e se
desdobrar ao longo de todo o livro. O sétimo selo encerra a história futura,
por isto ele é desdobrado em trombetas, vozes e flagelos. O sétimo selo começa
no capítulo 08 e percorre o restante do livro de Apocalipse.
4- A construção de um
clímax da história –
Até este momento da narrativa, trata – se
de uma preparação para uma ação mais diretiva e intensa da parte de Deus. Os
seis primeiros selos marcam o começo do fim – Mt. 24. 3 – 20 (princípio das
dores e grande tribulação). É importante saber que cada selo tem uma duração
desconhecida. Até deste momento as ações não são tão diretivas, e
possivelmente, muitas das catástrofes mencionadas nos seis selos, são
decorrentes de ações humanas, permitidas por Deus. Observe que os anjos não
estão agindo, ainda.
5- Os juízos diretivos
de Deus – capítulo oito e seguintes
- Os anjos (ministros de Deus) serão
agentes ativos a partir de então;
- Há um parêntese na história,
inaugurando um novo momento (Ap. 8. 1);
- Há uma solenidade e um comissionamento
pelo próprio Deus – v. 2;
- As trombetas irão marcar as etapas do
juízo do sétimo selo.
5. 1 – As Trombetas
-
Primeira Trombeta - Juízo sobre a flora (principal fonte de alimentos);
- Segunda Trombeta: Juízo sobre o mar –
uma estrela imensa que produzirá gases venenosos – o tráfego marítimo será
afetado e a pesca marítima, também;
- Terceira Trombeta: Juízo sobre ás fontes
de águas doces – saraivada de meteoros sobre grandes rios e depósitos de água;
- Quarta Trombeta: Juízo sobre o sol e a
lua – fonte de energia e aquecimento – eclipse solar e lunar;
- 5ª Trombeta – Juízo sobre o homem –
Deus permite a opressão de seres malignos sobre os homens – possivelmente um
grupo de demônios que estão presos no abismo – Lc. 8. 31 (Abissos). A imagem do
evento é a de um vulcão em erupção. Possivelmente estes demônios estão
liderados por um anjo do abismo (Apoliom ou Abadom);
- Sexta Trombeta – Continua os Juízos
sobre o homem. Liberação de anjos caídos de grande poder, para executar juízos
de alcance mundial – Ap. 9. 15 – Judas 1. 6. Um terço da humanidade morre – um
quarto já havia morrido no quarto selo (Ap. 6. 8) – Matematicamente 50% da
humanidade é morta até aqui.
5. 2- Eventos Paralelos às Trombetas –
Capítulos 10 a 11. 15.
- Narrativa retoma a pessoa do apóstolo
João;
- Introdução da nação judaica no ambiente
dos acontecimentos – capítulo 11;
- A nação de Israel é colocada como o
remanescente de Deus – templo e testemunhos proféticos.
6 – Sétima Trombeta - Ápice da Escatologia
– Capítulo 11. 15 em diante;
- Aqui o governo é assumido por Cristo e
Ele executará os juízos finais – Ap. 11. 15.
6. 1- Perseguição da Nação de Israel –
capítulo 12
- Relato histórico da nação de Israel e o
nascimento do Messias – 12. 1 – 6;
- Expulsão de Satanás e seus demônios das
regiões celestiais – v. 10 – 13 (vide Efésios 6. 12).
6.2 – Ministério do Anti – Cristo – As bestas –
Capítulo 13
- Reedição de um imperador mundial, nos
moldes do Império Romano – veja Daniel 7. 7, 19 – 27 e compare com Ap. 13. 1 –
7;
- Reedição de uma liderança religiosa
mundial, dando legitimação política ao
Anti- Cristo, dentro de um mesmo paradigma do Sacro Império Romano –Ap. 13. 11
– 15;
- A marca da besta como fundamentação
religiosa e econômica – o número 666 –
- Breve reflexão sobre o número 666 –
Seis (sexto) é o dia da consumação da obra criativa de Deus; Seis (sexto) é o
dia da criação do homem; Seis (sexto) é o dia da conclusão do trabalho humano.
O numeral 666 pode significar: o homem pleno (perfeito), o ápice da história
raça humana (evolução), a obra humana completa (perfeita). Seria o Pleroma da
humanidade.
6. 3 – Retomada da Obra Missionária – Ap.
14. 1 - 5
- Os cento e quarenta e quatro mil judeus
(missionários) são os companheiros de Jesus em todo lugar – Ap. 14. 4;
6. 4 – Desdobramento da 7ª Trombeta –
Vozes e Flagelos – Ap. 14. 6 em diante.
- Deste momento em diante a maioria dos
juízos serão direcionados para o Anti- Cristo e para seus seguidores:
6. 4. 1 – As vozes
- Primeira voz: último chamado ao
arrependimento – atitude extrema de Deus ao convocar os anjos para esta ação
missionária – Ap. 14. 6 versus I Pd. 1. 12;
- Segunda voz: O sistema mundano (o reino do
Anti-Cristo) começa a ser desestruturado e arruinado;
- Terceira voz: O anúncio do Juízo
sobre a besta e os seus seguidores (Deus sempre avisa antes);
- Quarta voz: É um período em que
os homens que se converterem a Cristo serão mortos;
6. 4. 2 – Os sete flagelos – Ap. 15.
- Os anjos se preparam para derramar os
sete últimos flagelos. É um tempo de consumação de juízo. Os textos daqui em
diante, não demonstram qualquer arrependimento dos homens. A idéia é de que
toda a humanidade remanescente está aliada com o Anti-Cristo e revoltada contra
Deus;
- O santuário cheio da glória de Deus e
impedido da entrada de qualquer pessoa, parece ser um sinal de que o tempo da
graça está cessado. Não se aceita mediações, nem intercessões. A sorte da terra
está consumada – Ap. 15. 8.
6. 4. 3 – Distribuição dos flagelos – Ap.
16 em diante.
- Primeiro flagelo – Juízo sobre
os homens – doenças na pele;
- Segundo flagelo – Juízo sobre o
mar com a destruição completa da vida marinha;
- Terceiro flagelo: Juízo sobre as fontes de águas
potáveis;
- Quarto flagelo – O sol se aquecerá de forma
assustadora. Na verdade o planeta estará mais exposto à radiação solar
(luminosidade e calor);
- Quinto flagelo: Trevas totais – escuridão completa;
- Sexto flagelo: Preparação para a
batalha final – Rio Eufrates Seco – vinda das nações do oriente – reinos da
Ásia Menor – normalmente resistentes á propaganda política e religiosa do
ocidente – a Turquia liga a Ásia a Europa. Sua porção oriental está próxima da
Armênia, Geórgia, Azerbajão, Irã, Iraque e Assíria. O rio Eufrates passa pelo
Irã, Iraque e chega à Turquia, onde ligaria a Ásia a Europa. Ap. 16. 12 –
- Sétimo flagelo: O último desastre – terremoto de
proporções mundiais.
- É sabido que os terremotos de grandes
proporções são provocados por acomodação das placas tectônicas (grandes massas
de rocha), que estão na crosta terrestre e oceânica. Estas placas, estimadas em
pelo menos dez (as maiores), estão em constante movimento. O movimento de
divergência produz frestas ou rachaduras (falhas) ou de convergência produzindo
atritos. Ambos os movimentos podem gerar terremotos. Portanto, um terremoto
mundial é possível, em face da distribuição das placas por todo o planeta.
- A Bíblia afirma que a terra se tornará uma única planície. Isto
só seria possível através de um mega – terremoto, conforme mostramos sua
plausibilidade geológica – Zc. 14. 10
- Durante este terremoto haverá, também, a queda de meteoros com
peso superior a trinta quilos (um talento) – Ap. 16. 21.
Þ Uma tese deste autor: Este
terremoto poderá criar fissuras na crosta terrestre, sugando o mar para o
interior da terra, caracterizando o quadro de Ap. 21. 1. Em termos de massa e
tamanho isto é possível, pois a massa da terra é 6 x 1024 e a dos oceanos é 1, 35 x 1018, ou
seja, a massa da terra é 4400 vezes maior que a dos oceanos. Ilustrando, é como
colocar um litro de água numa caixa de 4.000 litros cheia de areia. Que tal a
tese? Não conte para ninguém, o autor ainda não tem coragem de torná-la
pública.
7-
Conclusão do Livro – Capítulo 17 ao 22
- Os eventos daqui em diante obedecem a uma proposta conclusiva, de
encerramento da história como a conhecemos. Nos capítulos 21 e 22 uma nova
história, numa nova dimensão é inaugurada;
7.1 – Devastação da ordem social estabelecida. Em decorrência dos juízos de Deus, toda
a estrutura política, religiosa, econômica e cultural do mundo é devastada. Ao
reino remanescente do anticristo só resta enfrentar Aquele que causou tantos
danos ao seu governo mundial – Ap. 17. 7 – 12;
7. 2 – Conspiração Planetária – O anticristo vai capitanear uma revolta
mundial, a fim de enfrentar a pessoa de Cristo. Satanás, através do anticristo
vai iludir o mundo, demonstrando que é possível lutar contra Deus – Ap. 17. 13,
14;
7. 3 – Destruição da Ordem Mundial criada pelo anticristo –
capítulo 18
- Babilônia, como capital simbólica, desta ordem mundial será
destruída;
- Ruína da cultura mundana e profana – Ap. 18. 3;
- Bancarrota definitiva da economia globalizada – Ap. 18. 11 – 20;
7. 4 – O Céu festeja o fim do sistema ímpio e satânico – Ap. 19. 1
– 10
7. 5- A vitória acachapante e inquestionável de Cristo sobre a
besta e seus seguidores – Ap. 19. 11 – 21.
- A besta (anticristo) e o falso profeta são presos e lançados
vivos no lago de fogo;
- Os seguidores do anticristo, como era de esperar, não tem como
oferecer qualquer resistência bélica e são mortos rapidamente;
7.6 – Prisão de Satanás por mil anos – Ap. 20
- Prisão humilhante do diabo – Ap. 20. 1;
- Ressurreição dos mortos para viverem e reinarem com Cristo no
Milênio – Ap. 20. 4, 5, 6 – O texto deixa claro que está é a primeira
ressurreição, ou seja, é uma ressurreição pós - tribulação, pós - batalha
final. O que fazer agora diante da visão de arrebatamento pré-tribulacionista
da atualidade?
7.7 – Soltura de Satanás – Ap. 20. 7 - 10
- Última revolta contra Deus;
- Juízo final para o diabo- Ap. 20. 7 – 10
7. 8 – Julgamento Final – Ap. 20. 11 - 15
- Segunda ressurreição para julgamento. Nesta ressurreição estão os
ímpios desde a fundação da terra até os que morreram durante o milênio;
- Neste julgamento, a igreja não estará presente para ser julgada,
uma vez que já está com Cristo desde o arrebatamento/primeira ressurreição,
conforme Ap. 20. 4 – 6;
8-
Conclusão – Pós – História – Capítulos 21
e 22
- Estabelecimento de uma nova realidade
de vida física e espiritual – Ap. 21. 1 – 5
- O lugar perfeito para viver e para
adorar – a Nova Jerusalém – Ap. 21. 9 – 27;
- A vida no céu – segurança, saúde plena,
vida eterna, ministério santo, felicidade perpétua – Ap. 22. 1 – 5;
- A última participação de João no livro
de Apocalipse – Ap. 22. 6 – 9;
- Despedidas e promessas finais – Ap. 22.
10 – 21.
Toda glória a Deus!
Referências Bibliográficas
1- ALMEIDA,
João Ferreira de. Bíblia Sagrada ARA. 2ª Edição. São Paulo: Sociedade
Bíblica do Brasil; 1993.
2- ALMEIDA.
Bíblia On Line 3.0, Módulo Avançado. São Paulo: Sociedade Bíblica do
Brasil; 1993.
3-
Disponível em www.brasilescola.com/geografia/principais-placas-tectonicas.htm. Acesso em 14/11/2014.
AVALIAÇÃO DE ESCATOLOGIA PRESENCIAL
PROFESSOR: PR. JOSÉ ROBERTO
ALUNO:
DATA:.
VALOR:
LEIA A APOSTILA E RESPONDA
1- O QUE É ESCATOLOGIA E EM QUE SE BASEIA O SEU
CONTEÚDO?
2- QUAL O PERÍODO DE TEMPO ABARCADO PELO CONTEÚDO
DA CARTA DE APOCALIPSE?
3- QUAL A BASE ESCATOLÓGICA DE APOCALIPSE?
4- OS JUÍZES DIRETIVOS DE DEUS COMEÇAM A PARTIR DE
QUAL CAPÍTULO? POR QUE?
5- QUANTAS SÃO AS TROMBETAS E QUAL O SIGNIFICADO
DELAS?
6- CITE OS SETE FLAGELOS, RESUMIDAMENTE.
7- COMENTE SOBRE AS IMPLICAÇÕES DO ÚLTIMO FLAGELO
SOBRE O RELEVO.
8- FALE SOBRE A CONSPIRAÇÃO PLANETÁRIA
9- FALE O QUE É MILÊNIO E QUANDO ELE ACONTECERÁ
10- FALE
SOBRE A NOVA REALIDADE FÍSICA E ESPIRITUAL DO SER HUMANO, NO CÉU.
Olá,
ResponderExcluirinteressante e elucidativo o artigo sobre a grande tribulação. Parabéns!
O site BUSK BÍBLIA está correto ou não no post:
103- SATANÁS TEM UM LUGAR ONDE HABITA? COMO ELE VAI SER JOGADO NA TERRA?