Quais são os perigos
da transição?
TEXTO: JUÍZES 2. 10
10 E foi
também congregada toda aquela geração a seus pais, e outra geração após ela se
levantou, que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a
Israel.
Quais são os perigos
da transição?
Introdução:
A vida é feita de ciclos, estágios e momentos.
Cada geração constrói uma história. O estágio que marca a transferência de uma
geração para outra, chamamos de transição. O segredo para o sucesso da próxima
geração é uma transição bem feita. Neste momento de mudança há alguns perigos
que precisam ser percebidos. O texto que lemos fala de dois perigos que não
foram percebidos?
O primeiro perigo é o de estabelecermos uma nova geração que não tenha
hábitos devocionais, ou seja, uma geração sem intimidade com o Senhor. Um exemplo
significativo no velho testamento é representado por Salomão, que, embora,
nascendo em berço de família devotada a Deus, demonstra, na sua velhice,
desinteresse pela vida de comunhão com seu Deus, conforme explicita o escritor
dos feitos dos Reis: “Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros
deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o SENHOR, seu Deus, como
fora o de Davi, seu pai ( I Rs. 1. 14)”.
A geração
pós – Josué é uma geração que, depois da morte dos anciãos contemporâneos de
Josué, mergulha numa idolatria impensável. Os filhos não conheciam o Deus
(Javé) de seus pais porque seus pais falharam em ensiná-los quem era o Senhor,
em frontal desobediência ao que era preconizado na lei: “Estas palavras que,
hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas
falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao
levantar-te.” (Deuteronômio 6:6-7 RA).
A nova
geração estava fascinada com as novidades de sua época, pois os deuses da terra
de Canãa eram deuses liberais e que prometiam bênçãos como o Deus de Israel
(Javé). Interessante que os deuses (ídolos) são sempre cópias pervertidas do
verdadeiro Deus. Os deuses mais celebrados desta nova geração eram compostos
por um casal charmoso: Baal e Astarote. Um era o deus das chuvas e das
colheitas, a outra era deusa da fertilidade e da guerra.
Ficamos a
pensar se a teologias da prosperidade e do triunfalismo, respectivamente com
suas ênfases somente na riqueza material (chuvas e colheitas) e na vida cristã
livre do sofrimento (triunfalismo), não guardariam alguma semelhança com a
“teologia de Canaã”.
Sinais
desta transição conflituosa de gerações já era fruto de reiteradas
recomendações no livro da Lei, conforme o texto de Dt. 32. 17: “Sacrifícios
ofereceram aos demônios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses
que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais.” (Deuteronômio
32:17 RA). Não obstante recomendações tão claras, a nova geração cai no
berço da idolatria, no sublime momento da transição.
O segundo
perigo, que é um desdobramento do primeiro, é de que a nova geração não
conheça a obra de Deus ao longo da história passada. Não raramente, a nova
geração tende a desprezar os feitos da geração anterior, demonstrando os sinais
evidentes de sua ignorância com relação á regras de ouro, como a aquela que
ensina que “não devemos remover os marcos que foram colocados pelos nossos pais
(Pv. 22. 28)”. É claro que a história passada estabeleceu balizamentos (marcos)
e abriu picadas para que a geração presente tenha chegado até aqui. Bem ou mal,
a nova geração chegou onde está pela caminhada da predecessora.
Muito bem!
Existe uma história que foi escrita antes de nós. O que precisa ser feito é aproveitar
as coisas boas e rejeitar as ruins. Na história pré-juízes existiram coisas
muito boas e que precisavam ser lembradas e retro-alimentadas, como a saída
vitoriosa do Egito, a provação no deserto, as batalhas vencidas contra os
inimigos, o recebimento e a proclamação da Lei de Moisés etc. As coisas
negativas, como a murmuração, a incredulidade, a rebelião do povo, estas sim,
precisavam ser rejeitadas. Mas para serem aceitas ou rejeitadas precisavam ser
consideradas. É sabido que quem atenta para os erros do passado tem condições
de evitá-los no presente.
Considerações finais:
Por fim, a
história da geração presente é a soma da história passada com a que está sendo
escrita agora. Jesus no sermão do monte nos dá uma lição vital para esta
questão, quando não ignora, nem despreza a história religiosa de Israel até aquele
momento, mas procura reinterpretá-la e atualizá-la. Na verdade Ele (Jesus) se
propõe a curar a história religiosa de Israel e edificar sobre ela, como deixa
bem claro neste diálogo com os seus contemporâneos: “Não penseis que vim
revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em
verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais
passará da Lei, até que tudo se cumpra.” (Mateus 5:17-18 RA). Aqui fica bem
claro que não devemos rasgar a história passada, mas fazermos uma leitura
criteriosa e justa do que aconteceu antes e, assim, nos propormos á uma
construção mais inteligente e piedosa em nossos dias.
Que Deus
nos ajude! Que Deus nos abençoe!
Pr. José
Roberto Limas da Silva - Bocaiúva – MG, 20 de maio de 2015.