TRÊS
OLHARES DIFERENTES SOBRE A VIDA
Texto: Lucas 5. 1 – 1
1 ¶ Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para
ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré;
2 e viu
dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores, havendo desembarcado,
lavavam as redes.
3
Entrando em um dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse
um pouco da praia; e, assentando-se, ensinava do barco as multidões.
4 Quando
acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para
pescar.
5
Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada
apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes.
6 Isto
fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as
redes.
7 Então,
fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E
foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique.
8 Vendo
isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de
mim, porque sou pecador.
9 Pois,
à vista da pesca que fizeram, a admiração se apoderou dele e de todos os seus
companheiros,
10 bem
como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus sócios. Disse Jesus a
Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens.
11 E,
arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram.
Introdução: Esta narrativa pode chamar a sua atenção por diversos
fatores (objetos, palavras, ações, pessoas). A forma como vemos a vida e o mundo
(cosmovisão) não é igual para todos. Cada um enxerga a vida e valoriza determinados
aspectos dela. A vida não é uma coisa igual, cada um enxerga e interpreta o
mundo e a vida baseado na sua subjetividade/sujeitidade (cultura, valores,
experiências, sentimentos, emoções). Muitas vezes estas cosmovisões parecem
contraditórias ou excludentes, entretanto precisamos conhecê-las bem, para não
sermos preconceituosos e intolerantes com as demais pessoas, que enxergam a vida
diferente de você. Precisamos conduzir estas leituras da vida para a construção
de uma vida sábia e temente a Deus. Vamos conhecer, hoje, três olhares
diferentes sobre a vida.
1- 1º Olhar – A vida é uma sucessão de rotinas
– Lc. 5. 1, 2 (o contemplativo)[1]
·
Nesta
cosmovisão, o primeiro olhar é o olhar da rotina, da repetição das tarefas, da
mesmice da vida – preparar o barco, adentrar o mar, pescar, vender os peixes,
fazer a feira, ir para casa, comer, dormir, acordar e começar tudo de novo...
Ec. 1. 9;
·
A
vida é enxergada como uma sequência de fatos obrigatórios – não existem
novidades, a vida é cíclica – Ec. 1. 10. Para os gregos o tempo era um ciclo de
eventos que se repetiam indefinidamente...[2]
·
Qual
o propósito, então, da vida? Neste sentido, estamos aqui para contemplar, não
para mudar o mundo – Ec. 1. 14 – não é ser indiferente ao mundo, é simplesmente
admitirmos que não podemos mudar as coisas – Ec. 1. 14, 15;
·
Nesta
leitura da vida, ela é como uma rede que vamos remendando. Quando não der para
remendar mais é porque chegou a nossa hora de partir – Mt. 4. 21.
2º Olhar – A vida pode nos surpreender a
qualquer momento – Lc. 5. 3 – 7 (o paciente[3])
·
Nesta
cosmovisão, cada dia é uma oportunidade “do novo” na nossa vida – Lc. 5. 3 –
Jesus está sempre fazendo algo novo na minha vida;
·
Desta
forma, nossa vida é um palco dos milagres de Deus–Lc. 5.3–6;
·
Portanto,
cada dia reserva uma surpresa para mim – Rm. 6. 4;
·
A
vida é a própria oportunidade – As oportunidades vão me alcançar, naturalmente
– Dt. 28. 2.
3º Olhar – A vida é determinada pelas minhas
escolhas (o agente[4])
– Lc. 5. 4, 5, 8, 9.
·
Neste
olhar, nossa vida muda quanto eu faço escolhas certas–Lc.5. 5;
·
Por
isto, não posso ficar observando a vida passar, nem ficar esperando que o
milagre venha até mim. Eu vou até ele – Gn.42.1, 2;
·
Neste
sentido, as bênçãos de Deus chegarão à minha vida, se eu fizer as escolhas
certas – Lc. 5. 5 – 11;
·
Portanto,
a minha história é a soma de todas as escolhas que eu fiz ao longo dela – Hb.
11. 8, 17.
[1] Contemplativo: é
aquele que tem uma atitude de contemplação, de observação poética da vida...
[2] Nossa ideia de tempo é de tempo histórico, a ideia das
sociedades antigas e dos gregos era do que o tempo não era linear, mas
associado ao cosmos/natureza, em que os fatos são repetições cíclicas, não
fatos que caminham para um desfecho final, mas fatos que se reproduzem no
presente, o que já foi no passado.
[3] Paciente: Aquele que
sofre a ação. No caso do texto, aquele que recebe a ação da vida. Ele é passivo
no processo.
[4] Agente: é aquele que
toma a iniciativa da ação. Ele intervém no processo.