sábado, 9 de maio de 2020

A morte dos mitos da modernidade


MENSAGEM
Texto: Deuteronômio 32:39 
Vede, agora, que Eu Sou, Eu somente, e mais nenhum deus além
de mim; eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro; e não há quem
possa livrar alguém da minha mão. 

A morte de três mitos da modernidade – um paralelo à Bíblia Cristã
Introdução: A modernidade criou o mito da exatidão científica e da infalibilidade da ciência e, assim, expulsou o mistério e o transcendente. Nada passou a ser aceito se não houver uma explicação objetiva e científica. As leis da física, da química e da biologia regem o mundo moderno, desprovido de encanto, fé e mistérios. Outro mito, ainda mais moderno é o da necessidade de reunir o mundo em torno de um mercado de consumo, de uma cultura e de uma ideologia só. A chamada globalização é outra estrutura que foi deificada e considerada irreversível e obrigatória. Um terceiro mito produzido pela modernidade é o mito do indivíduo auto-suficiente e independente. É a ideia de que a vida deve ser pensada e orientada pelas necessidades do indivíduo, não a partir da coletividade. O indivíduo é um ser independente da coletividade. Seus desejos pessoais se tornam leis. Estamos anunciando a morte destes três mitos em nossos dias. Vamos analisar cada um deles.

1- O mito da infalível e onipotente ciência
·       A modernidade colocou sua confiança na ciência, na tecnologia e no conhecimento – ocorre que todos estes artefatos são produtos humanos, logo são imperfeitos, decadentes e provisórios -  Is. 44. 25;
·       A modernidade tentou dominar a natureza e transformar o mundo num paraíso seguro e feliz – como diria Descartes: “o conhecimento visa ao bem coletivo, de modo que possamos nos tornar mestres e possuidores da natureza”[1] – ocorre que a natureza não foi criada pelo homem e ele não conhece todos os seus mistérios... –
·       A ciência nos deu competência para produzir em série (revolução industrial), então,  ajuntamos o povo num espaço só (urbanização). Agora temos um mundo com seus recursos naturais quase esgotados e um monte de gente num espaço apertado, onde falta água, comida e ar para respirar.   A ciência nos empurrou para a falência. Ela falhou com a raça humana... o conforto da cidade virou um desconforto... E agora qual a mágica que será feita? Ex. 7. 20 – 22, 8. 6, 7, 8. 17 – 19;
·       A ciência precisa reconhecer que ela é limitada, mundana, humana e incerta. Útil sim, como qualquer atividade humana. Ela não é superior ás outras atividades humanas. Ela é conhecimento de homens, por isto falível, questionável e provisória – O mito da ciência onipotente e infalível está morto...

2- O mito da onipresente globalização – Gn. 11. 3, 4
·        A modernidade ensinou que poderíamos construir uma sociedade organizada, fraterna e auto-suficiente – mas não cumpriu – nos unimos para pior[2] – I Co. 11. 17 – estamos unidos para consumir e satisfazer nossas necessidades, não para cuidarmos uns dos outros;
·        A torre da globalização nos uniu em torno do nada. Estávamos juntos, mas permanecíamos estranhos uns aos outros. Era uma unidade falsa e egoísta. Isto não podia durar, logo, nossas mensagens iriam entrar em conflito – Gn. 11. 9;
·        A globalização é uma ideia mercadológica, não cultural. Não é possível unidade cultural, mas diversidade cultural. O que deve haver é respeito á dignidade, ao pensamento, a ideologia, ás crenças do outro. A globalização não é uma ideia bíblica – a dispersão possibilitou a ocupação do mundo, a distribuição de riquezas, o desenvolvimento de identidades – Ap. 7. 9;
·        A globalização nos roubou a tradição, a família, os lugares afetivos, as boas tradições e os bons valores (as novelas e filmes produzem a cultura ocidental). A globalização nos impõe os valores, e as escolhas que cabem a nós e a nossa família – Jesus nos chamou para a liberdade e não nos submetermos a nenhum jugo – Cl. 2. 8 e Gl. 5. 1. A globalização é o capítulo final antes do estabelecimento do anti-cristo;
·        A globalização tecnológica é inevitável, mas a globalização ideológica e cultural deve ser combatida pela igreja, pois ela tenta desconstruir e substituir os valores que recebemos de Cristo. É oportuno lembrar o texto de Romanos 12. 2: E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que saibais qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. A globalização cultural e ideológica é a conformação de que fala Paulo. É tempo de sepultarmos de vez a massificação cultural e ideológica e voltarmos aos valores que Jesus nos ensinou. Que Deus nos ajude!

3- O mito do indivíduo independente e autônomo[3] -
·        A doutrina do indivíduo autônomo é um claro atentado ao bom senso e ao bom funcionamento da sociedade. Ninguém é biológica, física e quimicamente autônomo. A natureza funciona sistemicamente. A vida não acontece de forma isolada e fragmentária. Estamos num ecossistema social, que nos torna interdependentes um do outro – Ec. 4. 10;
·        Não existe uma lei da vida para cada indivíduo (autônomos). Existe uma lei para todos os humanos. O que difere é como cada um reage a esta lei. Romanos 3. 23 - I Tm. 2. 3. 4;
·        A liberdade que tem como limite as regras que o próprio indivíduo estabelece é falsa e não consegue se estabelecer. É um mito a ideia de liberdade que começa e termina no indivíduo. Minha liberdade está limitada as fronteiras do convívio social – I Co. 8. 9;
·        O indivíduo que quer ser livre e independente de todos é um indivíduo egoísta e ignorante – Provérbios 18. 1 – este monstro mitológico criado pela modernidade é o principal responsável pela vida desequilibrada e infeliz que temos hoje. Fomos ensinados por Jesus a amar o próximo como a nós mesmos, não a nos amarmos primeiro e depois o próximo. Jesus disse: ame o próximo como está amando a si mesmo. É uma ação simultânea. O indivíduo autônomo e independente gasta a vida inteira se amando, pois ele não inclui o próximo no seu projeto de vida. O próximo será sempre um estranho. Este monstro mitológico está morrendo em nossos dias. A sociedade não suporta mais este modelo de vida baseada no indivíduo.



[1] DESCARTES, René. Discurso do Método. Porto Alegre: L & PM, 2013, p. 27
[2] A pós-modernidade gerou uniformidade (em termos de globalização de mercados econômicos), mas não produziu unidade cultural entre os humanos. Estamos reunidos em torno de uma parafernália tecnológica, mas separados por um individualismo pulverizado em lugares fluidos (SILVA, 2020. O lugar, o tempo e o ser, p14).
[3] Autônomo é um adjetivo que qualifica algo ou alguém que age de acordo com as normas de sua própria conduta, seguindo as suas leis e imposições sem a interferência de outrem. Disponível em: https://www.significados.com.br/autonomo/. Acesso em 22 de abr. de 2020. Etimologicamente a palavra autônomo vem do grego: autos (si mesmo) e nomos (lei, preceito, norma, regra). Na prática, diz-se de algo (ou alguém) que se governa por leis próprias, que não está sujeito a potência estranha, que goza de organização individual própria e que tem autonomia ou autodeterminação etc. Disponível em: http://www.etimologista.com/2012/02/quem-e-o-autonomo.html. Acesso em 22 de abril de 2020.
4- O conceito de pós-modernidade, neste texto, é tratado no escopo geral da idade de modernidade tardia.