Poesias e Crônicas

SHALOM DRINK'S, ZECA PAGODINHO E OUTRAS CONTRADIÇÕES DA VIDA 

Passeando sem nenhuma pressa, e desafiando as urgências desta segunda – feira deparei-me com um letreiro de botequim com a surpreendente combinação de palavras: “Shalom Drink's”. Era, ainda, uma manhã preguiçosa, pelo menos para mim, então, parei o carro só para conferir se eu estava lendo certo. Mas era isto mesmo.

O buteco fechado, ainda, (afinal os clientes não deveriam aparecer enquanto durasse a ressaca matinal) oferecia paz e uma dose de bebida (tradução de Shalom Drin'k) para os transeuntes apressados deste início de semana.

A combinação me fez considerar as ligações contraditórias que tentamos estabelecer na vida. Ora, Shalom é uma palavra hebraica que quer dizer paz, bem estar interior, ausência de qualquer carência interior, estado de satisfação plena. Ter Shalom é estar plenamente realizado. Já a palavra Drink's, segundo o ¹ dicionário informal, significa uma dose de bebida, que contém álcool. O sinônimo de tomar um Drink é tomar uma dose de bebida alcoólica. Fiquei pensando nas possíveis propostas desta combinação de palavras, talvez pudesse ser: tome um drink e encontre a paz, ou quem sabe, paz para você que veio tomar um drink.

Decididamente fiquei impressionado com a proposta “imoral” e contraditória do letreiro. Como alguém poderia encontrar a paz numa mesa de buteco enquanto sorve uma cachaça e alimenta o colesterol com um torresmo semi-cru?

Pensei, ainda, quantos pais de família deixavam seus “cobres” (maneira antiga de se referir ao dinheiro), fruto de um dia de trabalho na mão do butequeiro, ao passo que, no dia seguinte, seus pequeninos serão privados do leite, do pão e do exemplo de um pai decente.

Evidentemente que Shalom Drinks é uma proposta equivocada da vida. Seria acreditar que a destruição da vida através dos drinks promove a paz e o bem estar da mesma.

Por um momento, tentei acreditar que o letreiro foi, apenas, uma combinação casual de palavras, quem sabe, fruto da pouca cultura do proprietário do barzinho. Mas quanto mais pensava, mais encontrava nos testemunhos diários, este estilo contraditório de viver.

Lembrei-me que no domingo anterior, um programa dominical da rede globo, entrevistou o Zeca Pagodinho num quadro batizado de “A Vida que Eu Vi”.

Nesta matéria, de forma bastante intimista, o pagodeiro minucia seu estilo de vida de “malandro carioca”, exibindo suas bravatas nas mesas de botequim, bem como, de suas escapadas noturnas. Tudo isto enquanto sua esposa o aguarda em casa, e conforme disse, sem sequer interessar-se por saber onde ele esteve na noite passada. E entre um encontro casual com algum pinguço ou um notívago, que segundo ele, são seus amigos, o referido artista confessa que para enfrentar situações de alta pressão profissional toma umas e outras para relaxar e “dar coragem”.

Ocorreu-me a idéia de sugerir uma suave mudança no nome do programa que poderia ser “A vida que eu vi,... mas que não aprendi. Certamente que a filosofia deste pagodeiro, que se enriqueceu à custa do suor dos que fizeram da mesa de buteco o seu altar e da cachaça a sua deusa, continuará a destruir lares e multiplicar os órfãos de pais alcoólatras.

Avançando o término da manhã com um sol que parecia anunciar um agosto sem frio, voltei para casa, um pouco mais triste, um pouco mais pensativo, mas também, um pouco mais crítico, sem dúvida. Não posso deixar de observar que apesar da vida nos ensinar uma via tão mais razoável, um caminho tão mais decente e honesto, muitos insistem em tentar conciliar o contraditório, lutam para anular as diferenças e invalidar a nossa capacidade de fazer escolhas certas.

É bom que se diga que Shalom e Drink's não podem coexistir, nem um são juízo pode acreditar que é inteligente a idéia do “²deixa a vida me levar”.

Um fraterno abraço e Shalom (sem Drink) para você!

¹ - www.dicionarioinformal.com.br

² – Música de Zeca Pagodinho

UM ESTADO ATEU
“Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus; porque sobre tudo se engradecerá (Daniel 11. 37)”.”

Muitos acreditam que um estado ateu é fruto de uma decisão política, como foi, na extinta União Soviética, no advento da Revolução Russa (1917). Acredito que a ausência de Deus começa no coração do povo, pois este, em última análise, é quem determina a religiosidade de uma nação. Decretos e leis acerca da presença ou a ausência de Deus no estado só tem força quando o povo, também, já abriu mão da presença de Deus na sua vida pessoal.
Quando vejo uma intolerância generalizada com os símbolos e manifestações religiosas no Brasil, me pergunto, se logo, eles não tentarão legislar sobre a nossa liturgia. Não que aprove a idolatria ou outras formas espúrias de culto. Nada disso! Acredito, entretanto, que por trás da retirada dos símbolos religiosos está o desejo de banir a presença de Deus do meio da sociedade.
No Brasil, que diz ser laico, quanto a religiosidade, já se percebe o desejo do estado ingerir no seio da igreja. A comunidade cristã deve estar atenta porque após o estado laico, vem o secular (faço distinção entre os dois) e, por fim, o estado ateu.
Num estado laico há tolerância com todos os tipos de cultos, e neste sentido, muitos acreditam que o sonho mais elevado do diabo é levar o homem a idolatria (adoração de ídolos). Penso que não. Acredito que, no fundo, o diabo quer para si, pessoalmente, a adoração que é devida a Deus. O anti-cristo será, exatamente, esta figura que não aceita culto a outro deus, senão a si mesmo e, neste sentido, o estado ateu, abre caminho para ele.
Ainda, quanto ao estado ateu, uma experiência mais antiga pode ser vista em paises que adotaram o comunismo como Albânia e Cuba. Engraçado que blogs dirigidos por Ateus se vangloriam de que os maiores índices de desenvolvimento humano estão em países que, atualmente, tem elevado número de ateus como França, Alemanha, Suécia, entretanto, se esquecem que estas potências são o que são hoje, porque seus antepassados foram cristãos confessos. Quem sabe o futuro de França, Alemanha, Suécia não esteja se encaminhado para uma experiência semelhante a da atual Cuba e Albânia.
E bom que façamos estas considerações e, por fim, nos lembremos que a Bíblia nos informa:
“Feliz a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo que ele escolheu para sua herança (Salmo 33. 12)”.

Um abraço! Pr. José Roberto


Três lagartixas, uma folha seca e um gato.

Andando nesta manhã por ruas desertas, lotes vagos e margeando um parque florestal, consegui retirar algumas impressões nada casuais.
Caminhando à beira do parque não podia imaginar que tinha companhia tão absorvida na contemplação dos meus passos. Sim. Três lagartixas com suas cabecinhas projetadas para frente numa lajota. Olhei para elas e elas firmaram seu olhar. Não balançaram a cabeça como se me reprovassem, nem fugiram de mim como seu eu fosse um exator.
Gostei de conhecê-las, mas precisava continuar minha marcha. Deparei-me com uma cerca de arames lisos e, por entre seus fios, percebi um pouso elegante e cadenciado pelo vento: uma folha seca que se desgrudou da copa de sua mãe-árvore desceu dançando suavemente até tocar o chão.
Não reclamou do seu desligamento, nem da triste hora da separação. Não se permitia mais ser uma folha a decorar a copa de sua amada casa. Seria, a partir de agora, o adubo a nutrir a árvore que tanto a sustentara.
Percebi que aquela folha seca nem se deu conta da minha presença. Seu curso, seu ciclo seguia silenciosamente, pois ela não fazia questão de publicidade.
Foi quando percebi gravetos estalando no chão. E quem eu vejo? Um gato deslizando sorrateiramente pelo chão, com pose de felino predador em busca de sua presa. Suas patas mal tocavam o chão. Logo pensei: pobre da vítima que será atacada sem dó nem piedade.
Mas qual nada. O bichano só estava encenando, não havia nada. Era apenas uma dramatização, talvez saudades do tempo em que ele era um gato selvagem do mato. Quando o felino pôs os olhos em mim, foi desfazendo, lentamente, a sua “atitude hostil” e saindo de fininho, como se estivesse surpreendido num deslize moral (será que gato tem ética?).
Depois de observar todas estas cenas, extraordinariamente comuns, pensei que elas tinham algo para me ensinar nesta manhã de segunda-feira.

Lembrei-me da atitude contemplativa das lagartixas e descobri a necessidade de ter um tempo somente para observar a vida, sem julgar, sem tentar encaixar os fatos nos meus modelos existenciais. Simplesmente ver a vida passar. Acho que preciso olhar as pessoas como as lagartixas olharam: sem meneios de cabeça e sem juízos prontos.
Não poderia me esquecer, também, daquela discreta folha seca. Sua singeleza em enfrentar situações conflituosas (o desligamento da árvore foi doloroso), continuar a caminhada sem ressentimentos, sem atribuição de culpas, aceitando o curso proposto pela criação de Deus. Folha sábia foi esta que vi nesta manhã.
Por fim, o meu amigo bichano me deu uma aula de dissimulação, fingimento e hipocrisia. Quanto tempo desperdiçamos a representar um papel que não corresponde ao nosso verdadeiro ser? Encenamos mais do que vivemos.
Como o gato domesticado, perdemos nossa habilidade de viver nossa própria realidade existencial, vendendo nossa liberdade por um prato de comida. Não temos mais habilidade para caçar (buscar) e encontrar aquilo, que de fato, tem valor para nós.
Como observou *Durkhein: “a consciência coletiva acaba por determinar nossa conduta individual”. E isto não é muito diferente do comportamento do bichano, “socialmente” domado.
É isso aí gente, a segunda precisa prosseguir, mas agradeço a Deus por me permitir enxergar algumas coisas nesta manhã, que poderão tornar a jornada mais suave. Abraço! Deus os abençoe!


Pr. José Roberto Limas da Silva

Correção do texto: Irmã Marina Leite Gonçalves



* Durkhein foi um sociólogo francês, considerado um dos pais da sociologia, juntamente com Max Weber e Karl Marx.







É, A SEGUNDA VEM AÍ!
Gostaria de ter um tempo, hoje, para não fazer nada.
Olhar para mim mesmo e dizer:
- Parabéns, seu desnecessário!
- Ninguém te aguarda; nenhum compromisso agendado.
- Hoje você é um inútil e não esperado.

Gostaria, também, de dar um tempo para minhas necessidades;
sim, uma pausa para lembrar que estou de passagem;
que sou mais um predestinado à realeza
singela do anonimato.

Desejar, mesmo; só a morte dos meus inimigos
de pernas longas (as muriçocas)que insistem em transferir
o meu sangue para suas panças.
Esqueci de falar que é uma noite quente de domingo,
sim, um dia que foi e eu fiquei para dizer:
quão bom é ser, agora, um inútil.

Alegra-me saber, que amanhã
meu rosto não estará no jornal,
que não passo de um cidadão normal,
que não está com muita pressa
que a segunda aconteça.

Deleito-me agora, em saber que
o sol ainda se esconde, e que
não sou uma fera em busca de comida
na batalha renhida da vida.

Por um momento, as feras que me assustam
são os pernilongos, que inesperadamente
ficaram silenciosos,... e o pior, mais gordos.
Não tem jeito, eles não desistem,...
e a segunda já se aproxima.
Só me resta dizer: Bom dia Deus!
A segunda chegou,
vamos recomeçar tudo de novo.


José Roberto 20/10/04.

”O povo que não tem entendimento será arruinado (Os. 4. 14b).”
Há quem diga que você é o que você come, fisiologicamente falando, e que, você é o que você pensa (psicologicamente falando), e poderíamos ousar dizer que você é o que você lê, intelectualmente falando.
Parece-nos um exagero, é verdade, mas não podemos negar que o nosso organismo, nada mais é do que aquilo que recebe, em termos de alimento. Assim, também, muito do nosso perfil psicológico é o resultado do que pensamos e sentimos em nossos corações e mentes. Quanto ao nosso intelecto (sede da nossa razão), este é alimentado pelo que lemos e ouvimos. A Bíblia diz que bem aventurado é aquele que lê, que ouve e guarda as palavras da profecia (Ap. 1.3). Fica evidente que a inteligência e o bom senso do crente dependem do que e do quanto ele lê.
Muitos não têm hábito de ler as Escrituras e, este aspecto, parece ser definitivo no sucesso ou no fracasso de um crente, senão vejamos o que doutrina o livro de Provérbios: “Feliz é quem encontra sabedoria, e quem adquire entendimento (Pv. 3.13).
À medida que vamos avaliando o desempenho da igreja e o seu impacto na sociedade, percebemos claramente que muitos cristãos não conseguem influenciar, positivamente, a sua comunidade porque são intelectualmente débeis, e por via de conseqüência, pouco produtivos, espiritualmente falando. Acreditava – se, em tempos passados, que o cristão não precisava estudar, e nem conhecer com profundidade as doutrinas da Bíblia, e que a teologia “esfriava” o crente. Hoje, a maioria das pessoas não pensa assim, entretanto, estas mesmas, não encontram tempo em suas vidas para se dedicarem à leitura e meditação das escrituras, ou de literatura cristã relevante.
Diante deste estado de analfabetismo bíblico e teológico, muitos líderes cristãos sem experiência, e alguns, sem escrúpulos religiosos, se valem deste estado de ignorância para introduzir uma eclesiologia cultual e ritualística cheia de misticismo, fetichismo, idolatria e sincretismo religioso. E seguindo nesta esteira de desinformação e ignorância, a igreja evangélica vai construindo uma reputação negativa acerca dos seus valores morais e espirituais.
Não somente isto, muitas pessoas se sentem desestimuladas a abraçar a fé em Cristo Jesus, uma vez que seus seguidores (nós, os crentes), não têm demonstrado mudanças no caráter e na vida em comunidade.
A partir desta leitura, entendo que, nós cristãos, herdeiros da Reforma Protestante, não podemos nos esquecer que o grande legado da reforma, foi exatamente, considerar cada cristão como um “sacerdote”, ou seja, alguém apto para ler, meditar e entender as Escrituras Sagradas, prática esta que a Igreja Romana considerava inadequada para o cristão. Sendo assim, naqueles tempos, a Reforma Protestante, a preço de perseguições e sangue derramado, ofereceu aos crentes a oportunidade de ler as Escrituras (devidamente traduzidas nas línguas pátrias).
Esta herança, de nossos pais protestantes, tem sido desprezada pela presente geração, que tem voltado ao misticismo reinante na idade média, batizada apropriadamente de “período das trevas”.
Corremos idênticos riscos de cairmos no mesmo abismo religioso que foi vitimada a igreja cristã, por mais ou menos mil anos. Se não desejamos voltar a este estado de ignorância, urge que tomemos posição séria e definitiva em nossa vida devocional de leitura e meditação das escrituras, pois o povo que não tem entendimento caminha para a destruição, como ensina Oséias: “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento (Os. 4. 6a).” Pr. José Roberto - 18/04/2011.
Leitura não obrigatória

Não quero que esta crônica seja mais uma pressão na sua vida. Se não quiser lê-la, já será um bom resultado na proposta deste texto. Sabe, não me leve a mal, mas não quero ser mais um parafuso desta engrenagem tecnológica. Eu e você somos, diariamente, constrangidos a ler, pensar e fazer coisas que não são razoáveis, nem interessantes. Somos agredidos o tempo todo com banalidades e coisas que não nos proporcionam vida, mas que exigem atenção, tempo e reverência.

O telefone, que não para de tocar, a caixa postal, que está empanturrada de emails de pessoas, que só querem nosso tempo, dinheiro e energia. Tornamo-nos prisioneiros de uma vida não pensada, não atrativa, não significativa. Não há nem tempo para olhar através da fresta da janela de nosso escritório e ver, que uma borboleta está pousada num girassol esfuziante. Enganamo-nos a nós mesmos achando que o papel de parede de nosso PC substitui o perfume e a brandura daquilo que Deus criou.

Somos escravos de nossa própria cultura tecnológica, e sentimo-nos meio hipócritas quando tentamos combatê-la, pois, amanhã, lá estamos nós, de novo, prostrados perante nossas “máquinas maravilhosas”.

Nossa parafernália tecnológica reinventou a vida e a criação. Uma criação fajuta e virtual, que nos ilude e nos seduz todo dia, inundando nossas mentes e corações com promessas de felicidade fácil. Recriamos para nós mesmos um mundo monótono e besta que pode ser acessado com um toque de mouse. Este não é o mundo verdadeiro, esta não é a vida verdadeira.

Nossas máquinas carregam, em suas memórias estúpidas, informações do mundo inteiro. E nós, ensoberbecidos por esta “onisciência”, achamos que aprisionamos a vida e vamos sugá-la até o fim. Mas ao despertar desta tola crença, nada mais temos, senão um corpo cansado, uma mente vazia e um coração doente pois: Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim (Eclesiastes 3. 11).

Fraterno abraço! José Roberto



UM COLEÓPTERO PARA MUDAR SUA SEGUNDA-FEIRA
Você já sabe, hoje é segunda-feira! Agenda lotada, contas para pagar etc; resolvi adiar todos os prováveis encontros e desencontros desta manhã. Nas primeiras horas deste dia, pus o carro na estrada, distanciei o que pude do barulho monótono dos rádios ligados, dos automóveis, em ritmo lento pelas ruas da cidade, e do barulho dos estudantes a caminho da escola.
Enfim só! Parei na margem da estrada para ouvir o retumbar do vento nas copas das árvores, para sentir o canto multissônico dos passarinhos nas moitas de mal-vaqueiro. Que delícia! A vida acontecendo diante de mim.
Ainda absorvido por esta atmosfera de quietude eis que aparece um intruso barulhento. Pensei comigo: que coisa, isto é hora de visitas? Nada feito! Um besouro sem convite, sem boas vindas, tenta adentrar o meu carro. Recebo - o com alguns sopapos e socos no ar, sem atingir meu amigo alado.
Quando achei que ele havia desistido, eis novamente em vôo rasante para dentro do carro. Expulsei-o mais uma vez, sem, contudo, completar meu “intento assassino”.
Finalmente, o meu visitante coleóptero, entendeu que era um persona non grata. Foi embora o besouro, mas me deixou pensativo.
Algumas questões surgiram à medida que eu pensava na minha atitude para com o besouro. Eu havia adentrado no espaço geográfico dele (seu habitat), mas não queria a sua proximidade. Eu estava buscando “arejar” minha manhã, mas não admitia dividir meu espaço com ninguém. Eu agredi o besouro por achar que não devia ser interrompido no meu momento de descontração.
Tenho a impressão de que na busca de repouso, com freqüência temos gerado desconforto para alguém. Temo que a nossa necessidade de uma vida confortável venha em prejuízo daqueles que são mais fracos (o besouro era mais fraco do que eu, naquele momento). Tenho fortes razões para achar que, quando nossa privacidade é afetada, tendemos à agressividade.
Nosso comportamento é muito parecido com o de uma criança caprichosa, que acha que o mundo é o seu “quartinho de brinquedos”.
O eixo da vida não gira ao nosso redor. O projeto existencial de Deus é multiforme e inclusivo. Neste projeto todas as criaturas têm seu espaço, seu valor e sua dignidade, até mesmo, um coleóptero.
Um abraço e até a próxima.

José Roberto Limas da Silva

*O besouro é um inseto da ordem dos coleópteras, daí o nome coleóptero

CRÔNICA DO DIA


Quero orar...
Antes do amanhecer me levanto e suplico o teu socorro; na tua palavra coloquei a minha esperança (Salmo 119. 147).”
Quero orar, antes que este dia crave em mim suas impressões e pressões. Quero ver a janela do céu abrir, antes deste dia descerrar seus mistérios. Quero a alegria de ouvir e interpretar os planos de Deus para mim, antes que as sirenes das fábricas me interrompam com seus apitos.
Desejo começar este dia na presença Daquele que O idealizou. Não vou esperar que os arautos deste “reino encardido” venham me dizer o que devo pensar e fazer neste dia.
Quero orar para celebrar minha liberdade de seguir a voz do Espírito Santo, e ter coragem de confrontar o orgulhoso sistema, que acha que tudo sabe e tudo pode.
Quero orar para ter uma vida de verdade. Não quero viver de ilusões e de mentiras fabricadas nas mídias patrocinadas pelos “soberanos de plantão”.
Quero orar para estar pertinho de Deus.
Um abraço e bom dia!
José Roberto - 18/05/2011

NÃO A SOLIDÃO, SIM A COMUNHÃO!

E SERÃO OS DOIS UMA SÓ CARNE (MC. 10.8)

MAS AQUELE QUE SE UNE AO SENHOR É UM ESPÍRITO COM ELE – I CO. 6. 17

A idéia da proximidade e da comunhão pertence a Deus. Ele já havia antecipado isto no Éden, quando disse: Não é bom que o homem esteja só (Gn. 2. 18). Já a idéia da separação é produção do homem, que ao pecar, sentiu necessidade de isolar-se.


Deus planejou a vida para a proximidade e a colaboração (basta observar o funcionamento da natureza). Ele preparou a vida para que ela fosse o resultado da interação de vários agentes. Observe a concepção da criança que exige a união sexual de um homem e de uma mulher.

Perceba, também, que é na comunhão da semente com a terra que uma planta é gerada. Podemos afirmar que a vida é interativa e colaborativa. Cada membro trabalha em função do todo. Esta é a proposta de Deus, e isto é, também, observado na vida em sociedade, quando Deus estabelece a vida comunitária a partir da união de um homem e uma mulher (casamento/família).

Devemos levar a sério está disposição divina, inclusive no contexto da igreja, uma vez que uma igreja nunca é produtiva quando não sabe trabalhar em comunhão. O modo de Deus ser e agir é percebido quando a igreja sabe viver a comunhão (Jo. 17. 21).

Não existe vida verdadeira e significativa sem a comunhão do “outro” (I Jo. 4. 11) – fruto de um amor tolerante, paciente e incondicional.


Podemos afirmar que a vida só pode ser bem sucedida quando ela acontece num ambiente fraterno e colaborativo – At. 4. 34. Neste sentido os super-heróis (solitários e auto-suficientes) morrem cedo ou desistem da fé em Jesus.


Assim, afirmamos que a comunhão acontece num ambiente em que o amor verdadeiro não é aquele que ignora os defeitos do outro, atendo – se somente as suas virtudes. Mas naquele amor que é capaz de enxergar, também, os defeitos, no entanto, sabe ser misericordioso e paciente com as fraquezas do outro. 


Por fim, não devemos fragmentar as pessoas. Devemos amá-las com tudo que elas têm. Isto é verdadeiramente difícil, mas não impossível.


Um abraço fraternal! Pr. José Roberto





6 comentários:

  1. Quero mesmo de um momento para orar.
    É isso, orar é estar a sós com Deus!
    Hoje em dia é tão difícil separ um momento para orar... sempre há um apito, um son, uns lembretes de que há outras coisas a fazer, que o tempo está passando, que a pressa do dia-a-dia te preciona a cumprir...e por fim, é preciso parar para orar, e só orar!

    Fabrícia Mendes (23-05-11)

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  2. Quero mesmo de um momento para orar.
    É isso, orar é estar a sós com Deus!
    Hoje em dia é tão difícil separ um momento para orar... sempre há um apito, um son, uns lembretes de que há outras coisas a fazer, que o tempo está passando, que a pressa do dia-a-dia te preciona a cumprir...e por fim, é preciso parar para orar, e só orar!

    Fabrícia Mendes (23-05-11)

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  3. Obrigado pela participação irmã Fabrícia. Lembramos também do salmista que sete vezes se levantava à noite para dar Graças ao Senhor.
    Nosso tempo precisa ser domesticado e subjugado afim de que tenhamos uma agenda regida pela oração. Deus a abençoe.

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  4. Pastor o Senhor deveria escrever livros. Seria um referência para os cristãos lerem mais.

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  5. O eixo da vida não gira ao nosso redor. O projeto existencial de Deus é multiforme e inclusivo. Neste projeto todas as criaturas têm seu espaço, seu valor e sua dignidade, até mesmo, um coleóptero.

    Perfeito!

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