sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

REFLEXÃO DE FIM-DE-ANO


ATÉ ONDE VAI A MILITÂNCIA IDEOLÓGICA CRISTÃ?
“Porque noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (porque o fruto do Espírito está em toda bondade, e justiça, e verdade), aprovando o que é agradável ao Senhor. E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as (Ef. 4. 8 – 11).”
Até onde devemos levar o debate ideológico acerca dos valores cristãos? Vale a pena lutar contra a cultura dominante do “povo da terra” (Nm. 33. 55)? Estaria Jesus interessado neste embate? Estas perguntas devem encontrar uma resposta sob pena de perdermos energia com uma batalha desnecessária, ou de sermos engolidos pela ideologia dominante.
Acreditamos que o cristianismo está muito ligado á palavra (logos), à apologia da fé (Jd 1. 3), portanto, o debate é inevitável. Agora, faz – se necessário definir em que esfera ele será desenvolvido.
Diante disto, resta á igreja definir seu papel ideológico e cultural no mundo. Nossa missão é cristianizar o mundo (cidade de Deus de Agostinho) ou confrontar a cultura do mundo (Rm. 12. 10)? A nossa apologia deve visar fortalecer os cristãos na sua fé ou debater academicamente a cultura mundana?
Pensamos que a proposta de cristianizar o mundo é inviável e, quem sabe, anti-bíblica, portanto, a pregação deve ter como foco a confrontação do sistema e, assim, ganhar alguns para Cristo, como fez Paulo no Areópago (At. 17. 16 - 34). Nossos primeiros esforços devem ser orientados para os cristãos que estão na igreja, ou seja, antes de ganhar os de fora, vamos ganhar os de dentro. Debater exaustivamente a cultura do mundo, no sentido de redirecioná-la para Deus, pode ser um caminho penoso e pouco produtivo, uma vez que a “ideologia dominante” trabalha com uma natureza pecaminosa e rebelde contra Deus, que já está estabelecida (I Jo. 5. 19).
A vitória sobre esta cultura mundana não é massificante, mas particularizante. O indivíduo que é alcançado com a pregação da cruz destrói para si a ideologia que partilhava nos dias de trevas (Ef. 2. 1 – 3).  A partir desta decisão particular de andar com Cristo ele (individualmente) prevalece sobre a cultura dominante.
A idéia de institucionalizar e acorrentar a cultura é descabida tanto para o estado quanto para a igreja, mesmo quando o estado é religioso. Exemplos na história não faltam, e o maior deles é o sacro império romano, que por força da política eclesiástica católica e da espada romana, resolveu aculturar o mundo pagão, de herança cultural grega, remixado pela religiosidade mística do oriente (babilônios e persas).
O resultado não podia ser outro, senão uma religiosidade dogmática, mística e sincrética.  Um dos grandes exemplos disto foi a cristianização de datas de festas pagãs, como a do deus sol, que era celebrada no dia 25 de dezembro e que tinha grande apreciação dentro do império romano e, que por força de decreto eclesiástico foi estabelecida como a data do nascimento do Salvador. Eis aí o natal, tão celebrado por nós, cristãos ocidentais. 
Por fim, concluímos ser necessária a reflexão sobre a validade da militância da igreja, no que concerne ao debate ideológico/cultural, bem como, no estabelecimento dos limites deste, porque somente assim teremos condições de nos posicionar adequada e inteligentemente na defesa de nossa fé.
Um abraço e, permita-me, sem um feliz natal!
Deus te abençoe!
José Roberto Limas da Silva