quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O Salvo pode perder-se?

CAPÍTULO 1 DE EFÉSIOS – UMA PROPOSTA:
A IMPERDIBILIDADE DA SALVAÇÃO

1 ¶ Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus,
2 graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
Esta carta, precisa ser vista e compreendida dentro de uma perspectiva diferenciada, porque suas exortações, ensinamentos e doutrinas são conclusivos. Paulo não está aqui promovendo um “virtual” debate com opositores. Nesta carta ele, seguramente, está expondo uma doutrina clara da posição do Cristão em face da obra redentora, santificadora e abençoadora de Cristo.

3 ¶ Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo,
4 assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,
6 para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado,
7 no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça,
8 que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência,
9 desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo,
10 de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra;

É inegável suas assertivas do privilégio da nossa posição de filhos adotivos. Ele afirma que ao Cristão estão dispensadas todas as bênçãos, baseado na mediação de Cristo (v. 03). A escolha, predestinação, adoção e santificação são garantidas gratuitamente no amado (v. 4 - 6). A redenção graciosa dos nossos pecados,revelou o desejo de Deus convergir em Cristo todas as coisas, o que de fato aconteceu na cruz do calvário (v. 9, 10). Nossa posição de redimidos, e mesmo de criação de Deus, revela o propósito da nossa vida que é o de ser “para o louvor da sua glória.“

11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade,
12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo;
13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa;
14 o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.
A revelação deste mistério que era, nada menos do que o projeto de Deus, desde a fundação do mundo (9, 10), capacita o cristão a compreender a segurança de sua salvação, e isto é de tal maneira estabelecido na doutrina de Paulo, que ele afirma: “ no qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, e nele havendo também crido, fostes selados com o Espírito da promessa, a saber, o Espírito Santo, que é penhor da nossa herança para a redenção da possessão adquirida por Deus, para o louvor da sua glória.” (Efésios 1:13-14 TB). Não se pode permanecer impassível em face da força destas palavras, uma vez que elas afirmam categoricamente, que o cristão está definitivamente marcado (selado) para Deus, tratando se, portanto, de um lacre de inviolabilidade, assegurado pela presença do Espírito Santo, que também funciona como penhor (pagamento dado em garantia). Ora diante de tais situações que mais poderíamos dizer acerca da segurança da salvação do cristão. Sim poderíamos ainda lembrar: “ Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” (Romanos 8:29-30 RA). Portanto a obra foi completa, inclusive a capacidade que é dada ao Salvo para perseverar nesta salvação (II Tm. 4. 18).
Na minha defesa da imperdibilidade da salvação, ainda ouso dizer que a perseverança é consequência desta convicção, não causa. Portanto, o cristão não persevera para ser salvo, mas porque é salvo ele persevera por possuir graça de Deus suficiente para ir até ao fim. Semelhantemente, o salvo não obedece para ter fé, mas porque tem fé, ele obedece (Ef. 2. 8, 9). E por consequência o salvo não é salvo pela sua perseverança, mas pela graça maravilhosa de Cristo, que o capacita a perseverar até o fim, pois nada mais o separa do amor de Cristo, como Paulo registra magistralmente: “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 8:31-39 RA - grifos do aluno).
Dando prosseguimento àquilo que propus acerca do pensamento Paulino, expresso nos versículos 1 a 14 do primeiro capítulo, acredito que este é o objetivo de Paulo, ou seja, demonstrar a grandeza, o poder e a segurança da salvação em Cristo Jesus, e não, construir uma doutrina que advoga uma predestinação fatalista, revelando um Deus parcial, que escolhe um grupo e exclue outro. Muito pelo contrário, a escolha, justificação, e santificação do Cristão são possíveis somente em Cristo, havendo apenas da parte de Deus, prévio conhecimento daqueles que creriam e, por consequência, desfrutariam desta bênção (veja I Co. 1. 30 e I Pd. 1. 2).
15 ¶ Por isso, também eu, tendo ouvido da fé que há entre vós no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos,
16 não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações,
17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele,
18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos
19 e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder;
20 o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,
21 acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro.
22 E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja,
23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.
Após considerar estes pressupostos fundamentais para a fé bíblica do cristão, Paulo intercede pelos cristãos daquela região, expondo o seu ardente desejo de ver desenvolvido na vida deles, uma compreensão profunda acerca da posição privilegiada de santos, chamados e separados para Deus. Para isto, necessário era receber de Deus, sabedoria e revelação (verso 17) para compreenderem perfeitamente a vocação divina que desfrutavam, possibilitada pelo mesmo Deus que exercera seu poder na ressurreição de Cristo, fazendo o assentar a sua direita, acima de todo poder e nome, e ainda dando a Cristo autoridade soberana, inquestionável, eterna e plena sobre todas as cousas (v. 20 - 23). Glória a Deus!

Portanto, a posição, vocação e privilégio da igreja é imensurável e indescritível, humanamente falando, pois ela é o corpo Daquele a quem foi conferida toda esta autoridade. Além disto a igreja desfruta da plenitude de Cristo, e por isto está investida de autoridade para agir em nome de Cristo nesta terra. Compreender este privilégio é por demais difícil, entretanto, Deus quer dar aos seus servos espírito de sabedoria e revelação, exatamente para compreender e desfrutar de bênçãos desta proporção.
Digo mais: somente, quem experimentou e compreendeu a grandeza da graça, a segurança da salvação, o poder do Espírito Santo e a certeza de sua vocação celestial, poderá vislumbrar o alcance destas palavras que encerram este capítulo: “ a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.” (Efésios 1:23 RA).
Pr. José Roberto – 12 de agosto de 2010.

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