SOTERIOLOGIA - DOUTRINA DA SALVAÇÃO


SOTERIOLOGIA – A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

O vocábulo Soteriologia é extraído da junção de duas palavras gregas: soteria (sothria) e logia (logia), significando, basicamente, estudo, discurso, doutrina da salvação. Na verdade o estudo da salvação contempla várias doutrinas como: Justificação, Regeneração, Santificação, Adoção, Glorificação, Arrependimento, Fé.
Naturalmente que a doutrina da salvação não pode, nem deve ser estuda como um capítulo separado da teologia bíblica, uma vez que ela está interligada às diversas doutrinas, especialmente, com a Cristologia. Arriscaríamos, até, dizer que a a Soteriologia, só pode ser corretamente entendida se tivermos bons conhecimentos sobre a teontologia, a cristologia, a antropologia e a hamartiologia.
O termo salvação, considerado, teologicamente é de grande abrangência, envolvendo passado, presente e futuro. Neste sentido, “há a salvação do espírito na regeneração, da alma na santificação, e do corpo na glorificação” (BANCROFT, 2006). De fato, alguns textos nos fazem perceber uma salvação passada (Rm. 8. 24, Atos 15. 11, I Co. 1. 18); uma salvação presente ( Rm. 6. 14, I Jo. 3. 9) e uma salvação futura (Rm. 5. 9, I Pd. 1. 5).
A salvação, no conceito calvinista, trata da aplicação da obra da redenção. Enquanto, no pensamento arminiano, a soteriologia cuida da administração da redenção. Os dois pensamentos são expressivos, entretanto, o segundo pensamento abre possibilidades para um conceito de salvação mais antropológico, enquanto o primeiro reflete uma salvação mais cristocêntrica.
Historicamente falando, a doutrina da salvação ganha mais projeção no contexto da igreja, a partir da reforma, devido aos diferentes paradigmas defendidos por católicos e protestantes. A salvação católica está ligada a fé, arrependimento, sacramentos e boas obras. A salvação protestante está fundamentada na fé.
No estudo da salvação, ou seja, da aplicação da obra de redenção, percebemos uma sequência, que nos parece razoável: Justificação (Rm. 5. 1, 9; Rm. 3. 24; Rm. 8. 33), regeneração (1 Pd. 1. 23, Jo. 3. 3, 5, Tg. 1. 18), santificação (I Pd. 1. 2,  Hb. 10. 10), adoção (Jo. 1. 12, Gl. 4. 5, Rm. 8. 15) e glorificação (Rm. 8. 17, Rm. 8. 30).
A fim de estabelecermos uma abordagem mais pedagógica, propomos o seguinte esboço:
Termos ligados à salvação, que são operações diretas da parte de Deus, tendo como fundamento a sua GRAÇA:
Justificação: O termo justificação, no contexto das Escrituras está ligado á idéia de “declarar judicialmente que o estado de uma pessoa está na harmonia com as exigências da lei” (BERKHOF 2009). A palavra hebraica tsadik traduz a idéia de justiça, de justo, de onde extraímos o termo justificação. O sentido de justificação é sempre legal e forense. No novo testamento encontramos o verbo dikaio que traz a idéia de declarar alguém justo em relação á alguma coisa ou padrão estabelecido. A justificação foi proporcionada mediante a redenção e a remissão de Cristo na cruz do Calvário. Os dois termos: redenção (apolutrosis – libertação, mediante pagamento de resgate); remissão (afesis - deixar de lado uma dívida, perdoar, remissão da pena) tem no texto de Efésios 1. 7 o detalhamento desta ação de Deus:  “ no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça,” . Dois textos no novo testamento chamam a atenão sobre a doutrina da justificação (Rm. 5. 1 e Rm. 3. 24): “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. (...) “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.” Nos dois textos fica evidente que a justificação é uma ação diretiva e ativa da parte de Deus em relação ao homem. A eficácia da justificativa está no fato de que ela é perpetrada por Deus. “Quando dizemos que Deus nos imputa a justiça de Cristo, queremos dizer que Deus considera a justiça de Cristo como pertencente a nós” (GRUDEN 1999).

Regeneração: A doutrina da regeneração não encontra precedentes fatuais no velho testamento, uma vez que o relacionamento com Deus ainda estava firmado na obediência da lei e seu foco estava ligado à obediências de natureza corporal e exterior. Encontramos no novo testamento o termo grego anagennao que é usado para regeneração. A raiz desta palavra grega já deixa evidente o seu sentido, que é o de nascer, gerar (gennao) de novo (prefixo ana). Podemos dizer que “Regeneração é um ato secreto de Deus pelo qual ele nos concede nova vida espiritual” (GRUDEN 1999). Alguns textos são extremamente elucidativos quanto a origem e qualidade da ação regeneradora, como os que se seguem: (...) “pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.” (1 Pedro 1:23 RA); (...) “A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” (João 3:3 RA). Desta experiência deduzimos que, embora o foco da Regeneração seja o nosso espírito (Ef. 2. 1 – 6), entendemos que esta obra regeneradora traz mudanças para a totalidade do nosso ser (2 Co. 5. 17).

Santificação: A santificação é um termo bíblico que merece muita atenção e cuidado no seu exame. O termo original hebraico kadash é um verbo que nos oferece dois caminhos para sua correta explicação, podendo significar brilhar ou cortar, separar. Ambos os sentidos são significativos, mas o verbo kadash e o substantivo kadosh são mais corretamente utilizados no sentido de separar e separado. Portanto, no velho testamento a ênfase de santo não é no aspecto moral, mas sim no posicional. No novo testamento o verbo hagiazo que significa santificar-se, traz consigo vários significados, mas essencialmente quer dizer: separar, purificar, limpar, consagrar. Encontramos no Novo testamento dois momentos significativos na santificação: O primeiro momento em que o homem é santificado, ou seja separado para Deus (Atos 20. 32, I Co. 6. 11); o segundo momento em que o salvo é desafiado a caminhar de maneira reta e santa perante o seu Deus ( 2 Co. 7.1).

Adoção: A palavra adoção no contexto da nossa língua não é muito estimulante, porque dá a idéia de uma família estranha que adota um filho também estranho. Entretanto, o termo grego uiothesia traz um entendimento bem diferente que é ação de determinar, estabelecer, colocar alguém como um filho. Neste sentido podemos entender melhor o que Deus fez por nós (Jo. 1. 12, Ef. 1. 5). A ação de Deus na adoção não pode ser divorciada da justificação, da regeneração e da santificação porque ela é decorrente destas ações. No entendimento de GRUDEM (1999) “a adoção é um ato de Deus por meio do qual ele nos faz membros de sua família”, entretanto, pensamos que este ato já fazia parte de um plano eterno e, portanto, deve ser visto como um propósito eterno de Deus em relação ao homem, não um fato isolado de Deus na história do homem, como o texto de Ef. 1. 5 nos ensina: “nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade.”


Glorificação (verbo doxazoo) – É uma ação futura no que concerne ao nosso corpo, mas passada no que concerne ao estabelecimento da parte de Deus – Rm. 8. 30. Pensamos que a escassez de informações sobre o assunto nas Escrituras e por se tratar de um fato que ainda acontecerá conosco, tudo isto torna a nossa pesquisa limitiada.  Podemos afirmar, apenas, que se trata da última etapa da nossa salvação e que será levada a termo no momento da ressurreição ou transformação do nosso corpo (I Co. 15. 50 – 53).


Termos ligados á salvação, direta ou indiretamente ligados ao homem, tendo como base a FÉ.
Arrependimento (metanóia) – O arrependimento é uma das experiências cristãs que são mais significativas no recebimento da salvação. A fé opera o arrependimento, e este arrependimento é o resultado de uma interação entre a mente e o coração acerca do estado pecaminoso do ser humano. O arrependimento não pode ser, apenas, um contristamento ou um remorso, ele precisa estar acompanhado de uma ação racional de reprovação do erro e do pecado. Portanto o arrependimento vai gerar uma nova atitude em face da vida e “naturalmente, o genuíno arrependimento resultará numa vida transformada” (GRUDEN 199). Neste sentido concordamos com o referido autor quando diz:
“De fato, uma pessoa verdadeiramente arrependida começará imediatamente a viver uma vida transformada e, podemos chamar esta vida transformada de fruto do arrependimento. Mas nunca devemos exigir que haja um período de tempo no qual a pessoa viva verdadeiramente uma vida transformada antes de darmos a garantia do perdão. O arrependimento é algo que ocorre no coração e envolve a pessoa como um todo na decisão e afastar – se do pecado (GRUDEN, 1999, p. 596).”
Podemos deduzir desta impressão que o arrependimento é a causa da mudança. A própria palavra grega que dá origem ao vocábulo arrependimento nos dá um indicativo sobre o significado do mesmo. A palavra Metanóia é composta pela preposição Meta com a idéia de Mudança e Nóia com o sentido de mente, entendimento. Então arrependimento significa essencialmente mudança de mente.
b- Conversão (epistrefo): Podemos imaginar que a conversão seja o fruto do arrependimento, ou seja, a palavra que foi ouvida com fé produziu arrependimento, que por sua vez gerou o abandono do pecado (conversão). Observe que é difícil dissociar a conversão do arrependimento, uma vez que são frutos da mesma árvore da fé. No entendimento de Langston a conversão é o exercício do livre arbítrio do convertido no sentido de voltar – se para Deus:
“A conversão é também o resultado da liberdade do homem. É um ato praticado pelo próprio homem. Na conversão, ele escolhe uma vida nova em resposta aos apelos que lhe são feitos pelo evangelho” (LANGSTON 1999, p. 221).
A palavra conversão, epistrefo na língua original fornece o significado mais exato da expressão, significando basicamente, dar meia volta, voltar – se de um caminho, retornar a um caminho verdadeiro. Neste sentido, a proposta do evangelho é exatamente esta: arrepender – se e voltar – se para Deus.
A conversão é única num sentido, mas em outro ela pode se repetir. Ela é única no sentido da salvação, quando o homem se arrepende e se volta para Deus, mas a conversão também precisa ser uma experiência constante no processo de santificação, quando o homem deve buscar continuamente sua conformação ao caráter de Cristo (Fp. 3. 12).
Fim do módulo I de Soteriologia.


Questionário para Prova de Soteriologia
Trabalho em Equipe: número mínimo de três
Explique o significado da palavra grega soteriologia.
2- Diferencie e explique os dois termos: Administração da Salvação versus aplicação da salvação.
Defina Justificação
O que é redenção?
O que é remissão?
A regeneração é um ato isolado ou é um processo contínuo? Explique sua resposta.
O que significa a palavra regeneração?
O que significa santificação no velho e no novo testamento?
Diferencie santificação posicional de santificação moral
O que é adoção?
A glorificação é presente e futura ao mesmo tempo?
O que é arrependimento?
Diferencie o significado de arrependimento no Velho e no Novo Testamentos.
O que é conversão?
Quando é que a conversão pode se repetir?
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5 comentários:

  1. Parabéns pelo material desenvolvido

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    1. Will, boa tarde! Obrigado pela palavra de encorajamento. Deus te abençoe. José Roberto

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  2. boa noite amados . pergunta . um vez salvo sempre salvo??

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  3. Parabéns Pr Roberto pela dedicação em trazer a luz do entendimento todas estas coisas.

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