quinta-feira, 21 de março de 2019

(GOOGLE IMAGEM)

COMO CONSTRUIR A PONTE ENTRE PASSADO E PRESENTE?
Mensagem de Domingo – 17 de março de 2019.
Texto: Mt. 13. 51, 52.
51  Entendestes todas estas coisas? Responderam-lhe: Sim!
52  Então, lhes disse: Por isso, todo escriba versado no reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu depósito coisas novas e coisas velhas.
Introdução: Jesus conclui o seu ensinamento sugerindo aos discípulos que era importante eles entenderem as coisas novas que lhe estavam sendo ensinadas agora, mas que soubessem entender as coisas aprendidas no passado. A sabedoria seria equilibrar as coisas passadas com as coisas presentes. Mas como equilibrar o que passou com o que está acontecendo agora? Nossa mente, normalmente, estaciona-se no que aconteceu ou no que está acontecendo. A ponte entre passado e presente é uma ponte difícil de ser construída. Sendo assim, vamos aprender como agir diante do que passou e diante do que está acontecendo agora:

1- Dê o devido valor às coisas boas que foram recebidas no passado –
·        As memórias passadas não podem ser apagadas, elas precisam ser processadas da forma correta – Mt. 5. 17 – 20;
·        A herança religiosa da lei e dos profetas não era para ser invalidada ou esquecida, mas redimensionada, ampliada e ressignificada – Mt. 5.  21 – 24. A ideia de Deus não era somente deixar de matar, mas promover a vida...;
·        Preciso ser seletivo no desfrute das lembranças passadas – Lm. 3. 21 – quero revivenciar as emoções que foram positivas na minha vida;
·        A caminhada cristã exige boa memória e revisitação do passado – I Co. 10. 5, 6 – os erros do passado não são para serem esquecidos (nem para gerar sentimento de culpa), mas para servirem de alerta para o nosso presente.[1]
2- Saiba usufruir das novidades do presente
·        O baú que só tem coisas velhas, não oferece condições suficientes para o presente – Gl. 3. 24. A lei guiou o povo de Israel até a graça. A partir da graça a lei não pode fazer mais nada... Rm. 10. 4;
·        O ontem é importante porque nos trouxe o hoje, mas o hoje não pode sobreviver do ontem que já passou – Gl. 3. 25;
·        As lembranças do passado são importantes, mas elas não podem alimentar o meu presente – Js. 5. 12. Eu só encontro vida nas novidades de hoje;
·        Preciso cultivar uma vida que seja significativa e relevante no meu presente – Dt. 34. 4 – 7 – Ninguém se aposenta da vida...


Conclusão: Uma atitude sábia na condução de nossa vida é ter um baú de compartimento duplo, para acomodar as coisas boas e os aprendizados do passado e as novidades do presente. Por isto, valorize as coisas boas que passaram e aprenda coisas novas no presente. Uma nova profissão, uma nova formação, um novo esporte, uma retomada da vida devocional e ministerial. Um projeto novo, uma amizade nova, uma área de pesquisa nova.


[1] O maior erro da pós-modernidade é o rompimento com a história, com as tradições, com os aprendizados das sociedades tradicionais. A pós-modernidade imaginou que a tecnologia resolveria todas as questões da vida (doenças, poluição, desastres ambientais, violência, pobreza etc). A tecnologia não resolve problemas essenciais, mas questões funcionais. A tecnologia é ferramenta, instrumento e meio. A tecnologia fornece a metodologia, não o conteúdo. O que gera transformação é conteúdo (teoria) e não metodologia.

segunda-feira, 11 de março de 2019




DA PREEMINÊNCIA DO LOGOS SOBRE O MITO NA TEOLOGIA E SUA CONSEQUENTE REPERCUSSÃO NA FILOSOFIA.
Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν θεόν, καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος.
No princípio era o Verbo (Logos), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus – Jo. 1. 1
Na filosofia, a manifestação do Logos (Razão) foi precedida por um longo período de compreensão mítica do mundo (mito). Na teologia, diferentemente, o Logos se manifesta no início de tudo, ou seja, na criação. Ele é o ponto de partida para a compreensão da realidade material e espiritual. A incompreensão, o agnosticismo, a ignorância a respeito do Logos, faz o homem criar o Mito. O Mito não tem existência própria, ele é criação do homem.
Neste sentido, temos, originalmente, como ponto de compreensão do mundo, a manifestação do Logos, não obstante, a posterior queda do homem, que o empurra para uma leitura mítica da realidade. O mito é o pai da religião alógica, ou seja, da religião desprovida do Logos.
Resumidamente, a Filosofia é duplamente precedida pela Teologia, seja a teologia original, fundada no Logos, seja a teologia posterior, influenciada pelo Mito. Desta forma, na historia da Filosofia, a Teologia se posiciona como matriz antropológica e epistemológica e, sendo assim, só podemos fazer uma leitura segura e honesta da filosofia se considerarmos seu passado teológico.
Agora, falando religiosamente, para você querido irmão!
A Bíblia diz que o Filho de Deus estava no princípio, criando todas as coisas (Jo. 1. 2). Por isto, Jesus, como Verbo/Logos eterno de Deus, tem preeminência sobre todo ser, coisa e objeto, “pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele (Cl. 1. 16). A primazia de Cristo na criação exige que a primeira compreensão, a primeira sabedoria, o conhecimento essencial seja a partir dele. A realidade e os fatos não podem ser compreendidos senão a partir de Cristo. Por tudo que foi dito, fica mais fácil entender o que Paulo quis dizer, quando afirma: Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!(Rm. 11.36).

Pr. José Roberto Limas da Silva

quarta-feira, 6 de março de 2019




Teologia e ciências modernas – Uma proposta de reconciliação
Entendemos que se faz necessária uma releitura das ciências modernas, em face do papel da teologia no fornecimento do substrato histórico e epistemológico das ciências. A ideia de uma ciência autônoma e auto-suficiente se revelou um equívoco, sobretudo quando ela se propõe a banir sua herança mítica/simbólica/religiosa.
As ciências modernas (século XIX em diante), especialmente, em face do positivismo Comtiniano[1] varreram para debaixo do tapete toda a herança metafísica. A partir de então, todo conhecimento que não possa ser quantificado e explicado de forma objetiva e matemática não pode ser considerado conhecimento verdadeiro (científico). Neste sentido, todo conhecimento herdado das sociedades tradicionais, bem como, todo conteúdo mítico, sagrado e religioso foi jogado na lata de lixo da modernidade.
Ocorre que a pós-modernidade pôs em cheque a ciência moderna, revelando a sua imprecisão científica, sua incompletude e sua incapacidade de lidar com os dramas da humanidade. A ciência moderna falhou porque não soube abraçar a sua herança pré-científica. Desta forma, entendemos que uma filosofia das ciências (ou se você preferir, uma epistemologia honesta) deve contemplar a herança metafísica das ciências modernas.
As ciências modernas precisam reconhecer que o edifício científico foi erigido sobre o conhecimento mítico e religioso da antiguidade. O pensamento teológico é o pai do pensamento científico, ou seja, a racionalização é precedida de uma subjetivação. Não há ciência sem imaginação e crença. A ciência exige crença, e crença é subjetivação. Pensando assim, invocamos o bom senso da comunidade científica e religiosa em admitir a necessidade de um sentimento humilde, tolerante e colaborativo.
O apartamento das ciências da religião é negativo para o teólogo e inadmissível para o verdadeiro cientista. Não existe a necessidade do enfrentamento entre ciência e religião. A ciência é filha da teologia. Como disse Bacon: “Um pouco de ciência nos afasta de Deus; muita ciência nos conduz a Ele.” Portanto, quando pensamos uma ciência absolutamente ateia, estamos arrancando os fundamentos dela. Nenhum edifício se mantém de pé, quando seus fundamentos são removidos.
Outrossim, uma ciência sem a mediação religiosa, constituída pelos valores e pela ética vai sucumbir aos caprichos dos tiranos, pois toda ciência está sujeita a uma esfera de poder. Ademais, existe uma relação espontânea e natural entre ciência e religião. Não se trata de uma subserviência da ciência à teologia ou vice-versa, mas de uma atitude de colaboração, tolerância e dependência.
Por fim, a teologia não precisa temer a ciência, pois não podemos pensar o mundo de forma razoável, sem apelar a uma cosmogonia. Nenhuma ciência se estabelece se o seu objeto de pesquisa não possuir uma gênesis. Como explicar um objeto que não sabemos de onde vêm, suas relações originais, sua fundação? A ciência sem a religião não tem competência para isto, veja o notório caso da teoria do Big Bang. Não podemos esquecer, também, que toda criação artística ou científica não acontece num vácuo histórico, mas numa volta ou releitura de ideias anteriores (originais).

Pr. José Roberto Limas da Silva

Veja este vídeo sobre o tema:

https://youtu.be/HPRdlJBrqFA


[1] Teoria de August Comte acerca do conhecimento científico, atestando que somente este tipo de conhecimento é confiável e verdadeiro. E que as formas anteriores de conhecimento ( mítico, metafísico e popular) não nos conduzem a verdade.