sexta-feira, 6 de outubro de 2023

 

As duas faces do perdão

Texto: Mateus 18. 23 – 27

23 Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; 24 E, começando a fazer contas,  foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; 25 E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. 26 Então, aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. 27 Então o Senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.

Introdução: Há uma evidente dificuldade em nossa sociedade quanto a perdoar e ser perdoado. Quem falha não consegue se reerguer e quem sofre o dano não consegue demonstrar misericórdia, empatia e carinho com o ofensor.

 

1 A face do perdão para quem o oferece

·   -   Ele é uma demonstração visível de generosidade gratuita. Quem oferece o perdão possibilita prosperidade (emocional e/ou econômica) a quem não pode retribuir – 10.000 talentos- v 25;

·   -   O perdão não é baseado em promessas do perdoado, mas na bondade graciosa de quem dá o perdão. V. 27. Quando perdoamos, não estabelecemos condições mínimas para perdoar – o motivo do perdoar foi íntima compaixão...

·     - Uma sociedade, que valoriza o perdão, possibilita relações de afeto gratuito. Onde não há perdão, nossas relações sociais são baseadas no mérito (fazer por merecer) e nas trocas (compensação econômica e/ou emocional) – Mt, 18. 26 – eu tento comprar sua generosidade...

·  -   Onde não há perdão e espaço para acolhimento de quem falhou, não pode haver tolerância, respeito à diversidade, pluralismo e inclusão. O perdão ao devedor lhe inseriu num contexto de igualdade/simetria relacional. Ele não era mais culpado ou condenado. Ele era um perdoado, sarado da vergonha de dever sem poder reparar – vai para casa, seja livre, viva bem, desfrute de uma vida normal – v. 27.

 

2  A face do perdão para quem o recebe

· -     O perdão recebido só pode ser desfrutado por alguém que o acolhe com gratidão – o perdão é graça pura, então ele é para ser agraciado – v. 28. O perdoado da narrativa estava livre da dívida social, mas condenado pelo seu coração ingrato;

·   -   O perdão só pode ser usufruído quando temos a humildade de aceitar ajuda, apoio, orientação, correção – é a atitude de aceitar que alguém pague a conta que nós não temos condição de pagar – no perdão não justificamos nossos erros, assumimo-los e deixamos que alguém, melhor do que nós, seja generoso conosco;

·    -  Quem recebe perdão daquilo que não pode pagar, não deve oferecer reparação, pois mercantiliza uma atitude que só pode ser dada quando há amor. O que pode fazer é viver de acordo com as regras do perdão - 28 – 30;

·  -    O perdão recebido quando é mal interpretado impede a presença da graça e da generosidade nas relações sociais – 31 – 33.

 

 Textos

Mateus 18. 28

Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe devia cem denários. Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: Pague-me o que me deve!

Mateus 18. 28 – 30

Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe devia cem denários. Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague-me o que me deve! Então o seu conservo caiu de joelhos e implorou-lhe: ‘Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei. Mas ele não quis. Antes, saiu e mandou lançá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.

Mateus 18. 31 – 33

Quando os outros servos, companheiros dele, viram o que havia acontecido, ficaram muito tristes e foram contar ao seu senhor tudo o que havia acontecido. Então o senhor chamou o servo e disse: Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você?