sábado, 23 de maio de 2015

Quais são os perigos da transição?



TEXTO: JUÍZES 2. 10

10 E foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e outra geração após ela se levantou, que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel.


Quais são os perigos da transição?


Introdução:

 A vida é feita de ciclos, estágios e momentos. Cada geração constrói uma história. O estágio que marca a transferência de uma geração para outra, chamamos de transição. O segredo para o sucesso da próxima geração é uma transição bem feita. Neste momento de mudança há alguns perigos que precisam ser percebidos. O texto que lemos fala de dois perigos que não foram percebidos?

O primeiro perigo é o de estabelecermos uma nova geração que não tenha hábitos devocionais, ou seja, uma geração sem intimidade com o Senhor. Um exemplo significativo no velho testamento é representado por Salomão, que, embora, nascendo em berço de família devotada a Deus, demonstra, na sua velhice, desinteresse pela vida de comunhão com seu Deus, conforme explicita o escritor dos feitos dos Reis: Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o SENHOR, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai ( I Rs. 1. 14)”.



A geração pós – Josué é uma geração que, depois da morte dos anciãos contemporâneos de Josué, mergulha numa idolatria impensável. Os filhos não conheciam o Deus (Javé) de seus pais porque seus pais falharam em ensiná-los quem era o Senhor, em frontal desobediência ao que era preconizado na lei: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.” (Deuteronômio 6:6-7 RA).

A nova geração estava fascinada com as novidades de sua época, pois os deuses da terra de Canãa eram deuses liberais e que prometiam bênçãos como o Deus de Israel (Javé). Interessante que os deuses (ídolos) são sempre cópias pervertidas do verdadeiro Deus. Os deuses mais celebrados desta nova geração eram compostos por um casal charmoso: Baal e Astarote. Um era o deus das chuvas e das colheitas, a outra era deusa da fertilidade e da guerra.

Ficamos a pensar se a teologias da prosperidade e do triunfalismo, respectivamente com suas ênfases somente na riqueza material (chuvas e colheitas) e na vida cristã livre do sofrimento (triunfalismo), não guardariam alguma semelhança com a “teologia de Canaã”.

Sinais desta transição conflituosa de gerações já era fruto de reiteradas recomendações no livro da Lei, conforme o texto de Dt. 32. 17: “Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais.” (Deuteronômio 32:17 RA). Não obstante recomendações tão claras, a nova geração cai no berço da idolatria, no sublime momento da transição.

O segundo perigo, que é um desdobramento do primeiro, é de que a nova geração não conheça a obra de Deus ao longo da história passada. Não raramente, a nova geração tende a desprezar os feitos da geração anterior, demonstrando os sinais evidentes de sua ignorância com relação á regras de ouro, como a aquela que ensina que “não devemos remover os marcos que foram colocados pelos nossos pais (Pv. 22. 28)”. É claro que a história passada estabeleceu balizamentos (marcos) e abriu picadas para que a geração presente tenha chegado até aqui. Bem ou mal, a nova geração chegou onde está pela caminhada da predecessora.

Muito bem! Existe uma história que foi escrita antes de nós. O que precisa ser feito é aproveitar as coisas boas e rejeitar as ruins. Na história pré-juízes existiram coisas muito boas e que precisavam ser lembradas e retro-alimentadas, como a saída vitoriosa do Egito, a provação no deserto, as batalhas vencidas contra os inimigos, o recebimento e a proclamação da Lei de Moisés etc. As coisas negativas, como a murmuração, a incredulidade, a rebelião do povo, estas sim, precisavam ser rejeitadas. Mas para serem aceitas ou rejeitadas precisavam ser consideradas. É sabido que quem atenta para os erros do passado tem condições de evitá-los no presente.

Considerações finais:

Por fim, a história da geração presente é a soma da história passada com a que está sendo escrita agora. Jesus no sermão do monte nos dá uma lição vital para esta questão, quando não ignora, nem despreza a história religiosa de Israel até aquele momento, mas procura reinterpretá-la e atualizá-la. Na verdade Ele (Jesus) se propõe a curar a história religiosa de Israel e edificar sobre ela, como deixa bem claro neste diálogo com os seus contemporâneos: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.” (Mateus 5:17-18 RA). Aqui fica bem claro que não devemos rasgar a história passada, mas fazermos uma leitura criteriosa e justa do que aconteceu antes e, assim, nos propormos á uma construção mais inteligente e piedosa em nossos dias.

Que Deus nos ajude! Que Deus nos abençoe!

Pr. José Roberto Limas da Silva - Bocaiúva – MG, 20 de maio de 2015.

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